“O
impulso básico do povo de Israel na busca do conhecimento era um forte
desejo de seguir a Deus. Eles reconheciam que se quisessem comunicar sua
fé de uma geração para outra, teriam que saber ler.” (COLEMAN,1991)
Embora seja uma instituição relativamente moderna, a gênese da EBD remonta aos tempos bíblicos.
Haveremos
de descortiná-la nos dias de Moisés, nos tempos dos reis, dos
sacerdotes e dos profetas, na época de Esdras, no período do ministério
terreno do Senhor Jesus e na Primitiva Igreja. Não fossem esses inícios
tão longínquos, não teríamos hoje a EBD. Dos doutores e mestres do
Antigo Testamento não somos apenas herdeiros; eternamente devedores é o
que sempre seremos.
1. Nos dias de Moisés.
Além
de promover o ensino nacional e congregacional de Israel, Moisés deu
muita importância a instrução doméstica. Aos pais, exorta-os a atuarem
como professores de seus filhos: "E estas palavras, que hoje te ordeno,
estarão no teu coração; e as ensinaras a teus filhos, e delas falaras
sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-
te" (Dt 6.7). As reuniões públicas recebiam igual incentivo: "Congregai o
povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que estão dentro
das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao Senhor vosso
Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei; e que
seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso
Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual estais passando o
Jordão para possuir" (Dt 31.12,13).
2. No tempo dos reis, profetas e sacerdotes.
Vários
reis de Judá, estimulados pelos profetas, restauraram o ensino da
Palavra de Deus, encarregando desse mister os levitas. Eis o exemplo de
Josafá: "No terceiro ano do seu reinado enviou ele os seus príncipes,
Bene-Hail, Obadias, Zacarias, Netanel e Micaias, para ensinarem nas
cidades de Judá; e com eles os levitas Semaias, Netanias, Zebadias,
Asael, Semiramote, Jonatas, Adonias, Tobias e Tobadonias e, com estes
levitas, os sacerdotes Elisama e Jeorão. E ensinaram em Judá, levando
consigo o livro da lei do Senhor; foram por todas as cidades de Judá,
ensinando entre o povo" (2 Cr 17.7-9). O rei Josafá incumbiu vários
príncipes do ensino da Lei de Deus. Que iniciativa maravilhosa!
Príncipes a serviço da educação! Se os governantes de hoje seguissem o
exemplo de Josafá, tenho certeza de que o mundo haveria de vencer todas
as suas dificuldades. Infelizmente, os poderosos não desejam que seus
filhos tenham as luzes do saber divino. Aos pastores, todavia, cabe-nos
promover a educação da Palavra de Deus a fim de que, brevemente,
possamos mudar os destinos desta nação.
3. Na época de Esdras.
Foi
Esdras um dos maiores personagens da história hebréia. Ele é
considerado o primeiro pedagogo descrito nas Escrituras Sagradas. Entre
as suas realizações, acham-se o estabelecimento das sinagogas em
Babilônia, o ensino sistemático e popularizado da Palavra de Deus na
Judéia e, de acordo com a tradição, o estabelecimento do cânon do Antigo
Testamento. Provavelmente foi ele também o autor dos livros de
crônicas, Neemias e da porção sagrada que leva seu nome. Nascido em
Babilônia durante o exílio, viria ele a destacar-se como escriba e
doutor da Lei (Ed 7.6). Segundo a tradição judaica, a sinagoga foi
estabelecida por Esdras durante o exílio babilônico. Como os judeus
estavam longe de sua terra, distantes do Santo Templo e afastados de
todos os rituais do culto levítico, Esdras, juntamente com outros
escribas e doutores, resolveram fundar a sinagoga. Funcionava esta não
somente como local de culto como também servia de escola as crianças.
Foi justamente no âmbito da sinagoga que a religião hebréia pode
manter-se incontaminada numa terra tão idólatra. A EBD, como hoje a
conhecemos, tem muito da antiga sinagoga. Dedicam-se ambas ao ensino
relevante e popularizado da Palavra de Deus. Já na Terra de Promissões,
Esdras continuou a ensinar a Palavra de Deus aos seus contemporâneos. Em
Neemias 8, deparamo-nos com uma grande reunião ao ar livre: Leiamos.
Como seria maravilhoso se as igrejas, hoje, se reunissem ao ar livre
para ler e ensinar a Palavra de Deus!
4. No período do ministério terreno do Senhor Jesus.
Foi
o Senhor Jesus, durante o seu ministério terreno, o Mestre por
excelência. As multidões reconheciam sua grande habilidade para ensinar e
comunicar. Um aspecto muito importante do ensino de Jesus era que ele,
ao contrário dos escribas, falava com autoridade (Mt 7. 28,29). Em pelo
menos 60 ocasiões, Jesus é chamado de Mestre nos evangelhos. Jesus não
se limitava a ensinar nas sinagogas. Ensinava nas casas, nas mais
esquecidas aldeias, a beira mar, num monte e até mesmo no Santo Templo.
Ele não perdia tempo; sempre encontrava ocasião e oportunidade para
espalhar as boas novas do Reino de Deus. Cristo empregou diversos
métodos de ensino. Uma de suas principais características foi sua grande
habilidade como narrador. Suas parábolas são exemplo disso. Ele contava
histórias interessantes para aclarar bem a mensagem. Outro ponto alto
de seu método era o emprego de lições objetivas. Suas mensagens eram
cheias de ilustrações tiradas da natureza, de fatos que ele citava ou
mostrava. Ovelhas e pastores, figueira, moeda, serviam para tirar muitas
lições. Algumas vezes Jesus pregava; em outras, fazia perguntas aos
seus seguidores. Antes de ascender aos céus, onde se acha a destra de
Deus a interceder por todos nós, deixou com os apóstolos estas
instruções mais que explicitas: "Portanto ide, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado;
e eis que eu estou convosco todos os dias, ate a consumação dos
séculos" (Mt 28.19.20).
5. Na Igreja Primitiva.
Do
que Lucas registrou em Atos dos Apóstolos, é fácil concluir: os
discípulos seguiram rigorosamente as ordens do Senhor Jesus Cristo.
Começaram a ensinar em Jerusalém, doutrinaram toda a Judéia,
evangelizaram Samaria, percorreram as regiões vizinhas a Terra Santa. E,
em menos de 30 anos, ei-los a falar do Senhor Jesus Cristo na capital
do Império Romano "sem impedimento algum" (At 28.31). Se a Igreja
cresceu, cresceu ensinando a Palavra de Deus a toda a criatura; se
expandiu, expandiu-se evangelizando e discipulando. Sem o magistério do
Evangelho, inexistiria a Igreja de Cristo.
O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS NO PERÍODO POSTERIOR AO NOVO TESTAMENTO
Antes
de resumir a história da EBD, é necessário recordar os grandes vultos
do Cristianismo que muito contribuíram para o ensino e divulgação da
Palavra de Deus. É desnecessário dizer que, em todos os empreendimentos
educacionais da Igreja, esteve sempre o binômio: integração e
crescimento. Não poderíamos esquecer-nos dos chamados pais da igreja e
quantos lhes seguiram o exemplo e os inestimáveis préstimos. Temos de
lembrar-nos de Agostinho, que jamais desprezou o discipulado. E o que
dizer do Dr. Lutero? O grande reformador do século XVI, apesar de seus
grandes e inadiáveis compromissos, ainda encontrava tempo para ensinar
as crianças. Haja vista o catecismo que lhes escreveu. De uma forma ou
de outra, foram esses piedosos servos de Cristo abrindo caminho até que a
EBD adquirisse os atuais contornos.
FONTE:
http://magnamosser.blogspot.com.br/2011/03/o-ensino-da-palavra-de-deus-nos-tempos.html
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