Inspirado pelo Espírito Santo, deixou-nos o apóstolo
Paulo este gravíssimo alerta: “Mas o Espírito expressamente diz que,
nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). Infelizmente, essa
profecia vem se cumprindo de forma alarmante.
Igrejas são corrompidas por falsos mestres;
congregações inteiras são desviadas da simplicidade evangélica por
videntes e profetas que se acham a serviço de Satanás; rebanhos são
apartados da verdade pelos que mercadejam a Palavra de Deus. E os
seminários que abandonaram a sã doutrina? E os púlpitos que se acham
comprometidos com o liberalismo teológico? Tendo como base as cartas que
o Senhor Jesus enviou, através de João, às igrejas de Éfeso, Pérgamo e
Laodicéia, vejamos alguns sintomas da apostasia destes últimos dias.
Antes, porém, vejamos o que é a apostasia.
I. O QUE É A APOSTASIA
O termo apostasia vem da palavra grega apostasia, e significa o abandono consciente e público da fé que, de uma vez por todas, foi confiada aos santos (Jd v.3).
A apostasia destes últimos dias visa atacar, prioritariamente, os seguintes artigos de fé:
1. A soberania de Deus (Jd v.4);
2. A divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo —
verdadeiro homem e verdadeiro Deus, e único salvador e redentor da
humanidade (At 4.12); e:
3. A realidade de sua vinda (2 Pe 3.1-10).
Através da apostasia, objetiva o Diabo minar a
resistência da Igreja, induzindo-a a deixar de ser Reino de Deus para
tornar-se uma simples organização religiosa.
Como a seguir veremos, um dos primeiros sintomas da apostasia é a perda do primeiro amor.
II. O ESFRIAMENTO DO AMOR CRISTÃO
Das igrejas da Ásia Menor, a de Éfeso era a mais
conservadora e ortodoxa. Estava ela tão bem alicerçada teologicamente,
que era capaz, inclusive, de diferençar entre um verdadeiro e um falso
apóstolo. Não obstante todo esse preparo doutrinário, a igreja de Éfeso
estava a ponto de perder a sua primazia, por haver perdido o seu
primeiro amor. Ler Ap 2.1,2.
1. Cristo adverte a sua Igreja. Quão grave é
esta advertência de Nosso Senhor: “Tenho, porém, contra ti que deixaste a
tua primeira caridade. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te,
e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e
tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.4,5).
Da reprimenda de Cristo, o que depreendemos? Se a
ortodoxia bíblico-teológica não for acompanhada do primeiro amor,
nenhuma utilidade terá. Pois a ausência do primeiro amor acabara por
lançar a Igreja nas garras do formalismo e, finalmente, da apostasia.
No Sermão Profético, Jesus faz-nos outra
advertência: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se
esfriará” (Mt 24.12).
2. Reavivando o primeiro amor. Que a Igreja
reavive, urgentemente, o primeiro amor, observando, de forma integral,
as exigências da Grande Comissão que nos confiou o Senhor Jesus:
evangelizar, fazer missões e discipular (Mt 28.19; At 1.8); mantendo o
amor fraternal e devotando a Cristo a mais provada e ardente adoração.
Ler Hb 13.1. Menos do que isto é inaceitável!
A apostasia desta última hora não haverá de resistir
a uma igreja entranhavelmente amorosa, santificada e fundamentada na
Palavra de Deus. Você ama a Cristo? Ama as almas perdidas? Ou o seu amor
cristão já esfriou?
III. A DOUTRINA DE BALAÃO
A doutrina de Balaão é um outro forte indício da
apostasia destes últimos dias. Atenhamo-nos à advertência que o Senhor
endereça ao anjo da Igreja de Pérgamo:
“Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens
lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar
tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios
da idolatria e se prostituíssem” (Ap 2.14).
Não são poucos os mestres que, torcendo as
Escrituras e vendendo a alma ao Diabo, tentam introduzir o mundo na
Igreja, sob a alegação de que esta não pode viver alheia à modernidade.
Ora, ser contemporâneo não significa compactuar com este século;
significa, antes de tudo, falar de Cristo, com ousadia e poder, a esta
geração.
Cuidado! A doutrina de Balaão continua a fazer
estragos! Ela quer comprometer a Igreja, impregnando-a com a cultura e
com os costumes do mundo (Rm 12.1).
IV. O MISTICISMO HERÉTICO
A apostasia dos últimos tempos vem sendo
caracterizada, também, por um misticismo herético e extravagante. Embora
pareça espiritual, é extremamente nocivo à Obra de Deus. Assim o Senhor
Jesus o desmascara:
“Mas tenho contra ti o tolerares que Jezabel, mulher
que se diz profetisa, ensine e engane os meus servos, para que se
prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20).
Na essência, esta profetisa em nada diferia de
Balaão. Seu objetivo era, através de uma postura falsamente piedosa,
induzir os crentes a um comportamento abominável. Conclui-se, do texto
bíblico, que ela já havia conseguido, inclusive, as rédeas do governo
eclesiástico de Pérgamo. Até o anjo da igreja achava-se em suas mãos.
O misticismo herético tem como principais características:
1. Culto aos anjos (Cl 2.18).
2. Falsas profecias (Mt 24.11).
3. Prodígios de origem demoníaca (Mt 24.24).
4. Doutrinas de demônios (1 Tm 4.1; 1 Jo 4.1).
Estejamos precavidos! Nem sempre fervor significa
espiritualidade. Pode ser forjado, fingido ou meramente emocional.
Quando a congregação de Israel apostatou da fé, no deserto, aquele
ruidoso movimento até parecia um culto avivado; não passava, todavia, de
uma rebelião desenfreada contra o Senhor (Êx 32.6,18).
Assim diz o Espírito Santo por intermédio do
salmista: “Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua
casa, Senhor, para sempre” (Sl 93.5).
V. A PROSPERIDADE FATAL
A apóstata, rebelde e orgulhosa Laodicéia é um tipo
perfeito da Teologia da Prosperidade. No auge de sua riqueza, afirmou o
anjo dessa igreja: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho
falta” (Ap 3.17).
A Teologia da Prosperidade é um arremedo
doutrinário. Afronta a simplicidade da Igreja de Cristo e torce, de
forma escandalosa, a Bíblia Sagrada. Ensinando os santos a endeusar os
bens materiais em detrimento dos eternos, vão os proponentes dessa
teologia subsidiando mentiras, enganos, heresias e rebeliões contra o
Cordeiro de Deus. Consciente, ou inconscientemente, vão dando sustento à
estrutura sobre a qual o Anticristo acha-se a construir o seu império.
Tal apostasia vem encontrando generosos espaços em
alguns púlpitos, produzindo uma geração de crentes cegos, despidos da
graça e imperfeitos em suas convicções. Eles supõem, à semelhança dos
amigos de Jó, serem os bens materiais a evidência maior da presença de
Deus na vida humana.
Os proponentes da Teologia da Prosperidade amam a
bênção mais do que ao Abençoador; não têm a fé em Cristo, mas a fé na
fé; a mente de Cristo, trocaram-na por um pensamento enganosamente
positivo; determinando tudo, acham-se indeterminados em sua esperança. E
esperando em Cristo apenas nesta vida, tornam-se os mais desgraçados
dos homens (1 Co 15.19).
CONCLUSÃO
Se não estivermos vigilantes, poderemos ser
enganados pelos que, insolentemente, vêm substituindo a Palavra de Deus
por doutrinas de demônios.
Você está firme na fé? E se Ele vier neste instante,
está preparado para recepcioná-lo? Esta é a sua oportunidade! Renove,
agora mesmo, a sua aliança com o Cordeiro de Deus, e não se deixe
enganar pela apostasia dos últimos tempos.
Senhor Jesus, ajuda-nos a estar sempre vigilantes, a
fim de não sermos contaminados e consumidos pelo engano. Oh! Senhor,
que os nossos vestidos sejam sempre brancos, e que jamais nos falte o
óleo sobre a cabeça. Amém!
VOCABULÁRIO
Arremedo: Cópia; imitação.
Conservador: Que conserva os ensinos apostólicos.
Contemporâneo: Ser atual ou da mesma época.
Forjado: Trabalhado; fabricado; inventado.
Liberalismo Teológico: Movimento que não crê nos eventos sobrenaturais da Bíblia. Nele não há lugar para os milagres e a divindade de Cristo Jesus.
Misticismo: Crença no sobrenatural e nas comunicações ocultas entre os homens e a divindade.
Teologia da Prosperidade: Movimento que apregoa a riqueza e o sucesso como essência da vida cristã.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ANDRADE, C. C. Dicionário teológico. CPAD, 2001.
FONTE:
http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2004/2004-04-02.htm
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