Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

25 de outubro de 2010

31 DE OUTUBRO - DIA DA REFORMA PROTESTANTE

"É preciso exortar os fiéis a entrarem no céu por meio de muitas tribulações, em vez de descansarem na segurança de uma falsa paz" - 95ª tese.

Há 478 anos, no dia 31 de Outubro de 1519, Martinho Lutero fixou suas famosas teses (total de 95) contra a venda de indulgências, na porta da Igreja Católica do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, contrariando os interesses teológicos e, principalmente, económicos da Igreja Católica. O impacto foi tamanho, que se comemora nessa data o início da Reforma Protestante.
Lutero não foi, como alguns pensam, o fundador de uma nova religião, o protestantismo. A Reforma Protestante, da qual foi impulsionador, foi além do movimento da libertação nacional, que resultou na formação de igrejas nacionais entre os anos de1517 a 1563. Foi, sem dúvida, o grande precursor da liberdade religiosa actual e quem mais contribuiu para um retorno do cristianismo às Escrituras.
Para não admitir suas falhas, são diversas as acusações da Igreja Católica a Lutero, de louco a rebelde orgulhoso.

A preparação para a Reforma
No decorrer dos séculos, desde os tempos de Cristo, tem havido um desvio daquilo que Jesus ensinou. Sempre se levantaram vozes em defesa da pureza do Evangelho.
Apesar do zelo, sempre existiram aqueles que se desviavam, trazendo para dentro da Igreja práticas de outras religiões. Esses desvios, a princípio em número reduzido, foram aumentando a ponto de paganizar a Igreja, transformando-a no que conhecemos hoje por Igreja Católica.
No começo, foi apenas a inclusão da hierarquia onde o papa era o líder supremo; depois vieram o baptismo para a salvação, a adoração de santos, e outros, atingindo um patamar tal, que por volta do século XIV, a Igreja Católica estava completamente envolvida no paganismo. Daí a salvação passou a ser comercializada como qualquer outro objecto.
Enquanto o cristianismo romano se paganizava, muitas pessoas às quais o nome "cristão" fora negado, lutavam para que a Igreja retornasse aos princípios do Novo Testamento. Entretanto, ela já havia se institucionalizado, e esses reformadores passaram a ser acusados de hereges. Geralmente eram expulsos de suas congregações e perseguidos, pagando, muitas vezes com a vida, pelo zelo cristão.
Até o século XIV, os protestos dessas pessoas foram abafados; porém com o advento de uma nova mentalidade, que deu origem às transformações políticas, sociais, científicas, literárias e mais, foram sendo notados. Naquele período, as grandes descobertas marítimas, a invenção da imprensa, a descoberta do maravilhoso mundo clássico da literatura e arte, até então perdidos, produziram um despertar da natureza humana, que se processou de forma intensa e geral. Esse período ficou conhecido como Renascença, movimento que produziu a energia necessária para a revolução religiosa que se daria no século XVI.
O grande nome dessa revolução religiosa foi Martinho Lutero, monge agostiniano. que, revoltado contra a venda de indulgências, levantou a bandeira da liberdade religiosa frente à corrompida Igreja Católica.

Peregrinação espiritual
Lutero nasceu em 1483, em Eisleben, Alemanha, onde seu pai, de origem camponesa, trabalhava em minas. A sua infância não foi feliz. Seus pais eram extremamente severos. Durante toda a sua vida foi prisioneiro de períodos de depressão e angústia profunda, quando aspirava pela salvação de sua alma.
Em 1505, antes de completar 22 anos, ingressou - contra a vontade de seu pai, que sonhava com a carreira de advogado para ele - no mosteiro Agostinho de Erfurt. Dos motivos que o levaram a tal passo, esse acontecimento foi decisivo: duas semanas antes, quando sobremaneira o temor da morte e do inferno o afligia, prometeu a santa Ana caso se salvasse se tornaria um monge. Portanto, a razão principal, foi o seu interesse pela própria salvação.
Ingressou no mosteiro como filho fiel da Igreja no propósito de utilizar os meios de salvação que ela lhe oferecia e dos quais o mais seguro lhe parecia o monástico. Acreditava que, sendo um sacerdote, as boas obras e a confissão seriam as respostas para suas necessidades, almejadas desde a infância. Mas não bastava.
Embora tentasse ser um monge perfeito - repentinamente castigava seu corpo, a conselho de seu superior - tinha consciência de sua pecaminosidade e cada vez, por isso, tratava de sobrepor-se a ela. Porém, quanto mais lutava contra esse sentimento, mais se apercebia de que o pecado era muito mais poderoso do que ele.
Frente a essa situação desesperadora, o seu conselheiro espiritual recomendou que lesse as obras dos místicos, mas não adiantou; então, foi proposto que se preparasse para dirigir cursos sobre as Escrituras na Universidade de Wittenberg.

A grande descoberta
É certo que, quando se viu obrigado a preparar conferências sobre a Bíblia, Lutero começou a ver nelas uma possível resposta para suas angústias.
Em 1513, começou a dar aulas sobre Salmos, os quais interpretava cristologicamente. Neles, era Cristo quem falava. E assim, viu Cristo passando pelas angústias semelhantes às que passava. Esse foi o princípio de sua grande descoberta, que aconteceu provavelmente em 1515, quando começou a dar conferências sobre a Epístola aos Romanos. Lutero confessou que encontrou resposta para as suas dificuldades, no primeiro capítulo dessa Epístola.
Essa resposta, no entanto, não veio facilmente. Não ocorreu de um dia para outro. A grande descoberta foi precedida por uma grande luta e uma amarga angústia.
O texto básico é Romanos 1.17, no qual é dito que o Evangelho é a revelação da justiça de Deus, e era precisamente essa justiça que Lutero não podia tolerar e dizia que odiava a frase "justiça de Deus". Nela, esteve meditando dia e noite para compreender a relação entre as duas partes do versículo que diz "a justiça de Deus se revela no evangelho", e conclui dizendo que "o justo viverá pela fé".

O protesto
A resposta foi surpreendente. Lutero concluiu que a justiça de Deus, em Romanos 1.17. não se refere ao fato de que Deus castigue os pecadores, mas ao fato de que a justiça do justo não é obra sua, mas dom de Deus. Portanto, a justiça de Deus só tem quem vive pela fé: não porque seja em si mesmo justo ou porque Deus lhe dê esse dom, mas por causa da misericórdia de Deus que, gratuitamente, justifica o pecador desde que este creia.
A partir dessa descoberta, a justiça de Deus não passou mais a ser odiada; agora, ela tornou-se em uma frase doce para sua vida. Em consequência as Escrituras passaram a ter um novo sentido para ele. Inconformado com a Igreja Católica, Lutero compôs algumas teses, que deveriam servir como base para um debate académico.
Naquele período, teve início, por ordem do papa Leão X, a venda de indulgências por Tetzel, através da qual o portador tinha a garantia de sua salvação. Não concordando com a exploração de seus compatriotas, Lutero fixou suas famosas 95 teses na porta da Igreja (local utilizado para colocar informações da universidade) do Castelo de Wittenberg.
As teses foram escritas acaloradamente com sentimento de indignação profunda, mas com todo o respaldo Bíblico. E além do mais. ao atacar a venda de indulgências, colocava em perigo os projectos dos exploradores, dentre eles, a ganância do papa Leão X em arrecadar dinheiro suficiente para terminar a construção da Basílica de São Pedro. Os impressos despertaram o povo e produziram um sentimento de patriotismo, o que facilitou a Reforma na Alemanha.
A importância de Lutero para o protestantismo moderno não deve ser esquecida. Foi ele quem teve mais sucesso na investida contra Roma. Foi ele o grande bandeirante da volta às Escrituras como regra de fé e prática. Foi um dos poucos homens que alterou profundamente a História do mundo. Através do seu exemplo, outras pessoas seguiram o caminho da Reforma em seus próprios países, e em poucos anos quase toda a Europa havia sido varrida pelos ventos reformadores.
Lutero foi responsável por três pontos básicos do protestantismo actual: a supremacia das Escrituras sobre a tradição; a supremacia da fé sobre as obras; e a supremacia do sacerdócio de cada cristão sobre o sacerdócio exclusivo de um líder. Humanamente falando, deve-se a Lutero um retomo à leitura da Bíblia.

A Contra-Reforma e os jesuítas
Lutero teve de enfrentar o tremendo poderio da Igreja Católica que, imediatamente organizou a Companhia de Jesus (jesuítas) para atacar a Reforma. Vide o juramento dos jesuítas (livro Congregacional de Relatórios, página 3.362) que em resumo, diz: "Prometo na presença de Deus e da Virgem Maria e de ti meu pai espiritual, superior da Ordem Geral dos Jesuítas... e pelas entranhas da Santíssima Virgem defender a doutrina contra os usurpadores protestantes, liberais e maçons sem hesitar. Prometo e declaro que farei e ensinarei a guerra lenta e secreta contra os hereges... tudo farei para extirpá-los da face da terra, não pouparei idade, nem sexo, nem cor... farei arruinar, extirpar, estrangular e queimar vivo esses hereges. Farei arrancar seus estômagos e o ventre de suas mulheres e esmagarei a cabeça de suas crianças contra a parede a fim de extirpar a raça.Quando não puder fazer isso publicamente usarei o veneno, a corda de estrangular, o laço, o punhal e a bala e chumbo. Com este punhal molhado no meu sangue farei minha rubrica como testemunho! Se eu for falso ou perjuro, podem meus irmãos, os Soldados do Papa cortar mãos e pés, e minha garganta; minha barriga seja aberta e queimada com enxofre e que minha alma seja torturada pelos demónios para sempre no inferno!".
Preocupada em conter o avanço dessas ideias, a igreja Romana iniciou através do Tribunal da Santa Inquisição a perseguição mais infame e sangrenta da história, onde, no caso da França, numa única noite, chamada de "Noite de São Bartolomeu", três mil protestantes foram assassinados e seus corpos jogados nas ruas francesas, com as bênçãos católicas. Muitos jesuítas, tais quais espiões, levaram os ditos "hereges" às mais variadas torturas, até a morte.

EIS AS 95 TESES DE MARTINHO LUTERO
Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Rev. padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

1ª Tese
Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos...., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.
2ª Tese
E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.
3ª Tese
Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.
4ª Tese
Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.
5ª Tese
O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.
6ª Tese
O papa não pode perdoar divida senão declarar e confirmar aquilo que Já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.
7ª Tese
Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.
8ª Tese
Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio Impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.
9ª Tese
Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema
10ª Tese
Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.
11ª Tese
Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.
12ª Tese
Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.
13ª Tese
Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.
14ª Tese
Piedade ou amor Imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.
15ª Tese
Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.
16ª Tese
Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.
17ª Tese
Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.
18ª Tese
Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.
19ª Tese
Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.
20ª Tese
Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
21ª Tese
Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.
22ª Tese
Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.
23ª Tese
Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
24ª Tese
Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.
25ª Tese
Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
26ª Tese
O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
27ª Tese
Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.
28ª Tese
Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.
29ª Tese
E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.
30ª Tese
Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.
31ª Tese
Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.
32ª Tese
Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.
33ª Tese
Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dadiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.
34ª Tese
Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.
35ª Tese
Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.
36ª Tese
Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.
37ª Tese
Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.
38ª Tese
Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.
39ª Tese
É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.
40ª Tese
O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.
41ª Tese
É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.
42ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.
43ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.
44ª Tese
Ê que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.
45ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa. mas provoca a ira de Deus.
46ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura , fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.
47ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada
48ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.
49ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüência delas, se perde o temor de Deus.
50ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.
52º Tese
Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.
53ª Tese
São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.
54ª Tese
Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.
55ª Tese
A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.
56ª Tese
Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.
57ª Tese
Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.
58ª Tese
Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.
59ª Tese
São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.
60ª Tese
Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.
61ª Tese
Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.
62ª Tese
O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63ª Tese
Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.
64ª Tese
Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.
65ª Tese
Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.
66ª Tese
Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.
67ª Tese
As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.
68ª Tese
Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais Intima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69ª Tese
Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência-
70ª Tese
Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.
71ª Tese
Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.
72ª Tese
Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.
73ª Tese
Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.
74ª Tese
Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.
75ª Tese
Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.
78 ª Tese
Bem ao contrario, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.
77ª Tese
Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar S. Pedro e o papa.
78ª Tese
Em contrario dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz 1Coríntios 12.
79ª Tese
Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
80ª Tese
Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.
81ª Tese
Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.
82 ª Tese
Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima' caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante Insignificante?
83ª Tese
Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto' ser Injusto continuar a rezar pelos já resgatados?
84ª Tese
Ainda: Que nova piedade de Deus e dó papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?
85ª Tese
Ainda: Por que os cânones de penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?
86ª Tese
Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?
87ª Tese
Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?
88ª Tese
Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como Já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.
89ª Tese
Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?
90ª Tese
Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91ª Tese
Se a Indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.
92ª Tese
Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.
93ª Tese
Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.
94ª Tese
Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.
95ª Tese
E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.


BIBLIOGRAFIA:
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. Uma nova História da Igreja Cristã. Nova Edição Revisada e Ampliada. Editora Vida Nova.
SAUSSRE, A. de. Lutero: O grande reformador que revolucionou seu tempo e mudou a história da igreja. Editora vida.
BÍBLIA DE ESTUDO APOLOGÉTICA, ICP.

“A oração,entre outras,deve ser a nossa primeira ocupação da manhã e a última da noite.Saibamos defender-nos contra os pensamentos enganosos que nos dizem:”Deixa para mais tarde,ocupa-te de tal ou tal negócio e orarás depois”.Desse modo,troca-se a oração pelas ocupações,e depois que estas lançam mão de nós,não nos largam mais.Quando no fim de nossa súplica dizeis “Amém”,acentuai bem esse amém e de modo algum duvidai de que Deus ponha toda a sua graça em ouvir-vos e não responda sim à vossa oração.Um bom barbeiro tem constantemente os olhos e o pensamento fixos na navalha.Cada coisa,para ser bem feita,requer o homem inteiro.A oração também, para ser sincera,exige o coração inteiro”. (Martinho Lutero)
 
 


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