Por Júlia Lewgoy
Pirâmide financeira: Desconfie de negócios tentadores, mas que exigem algum pagamento antecipado (ronstik/Thinkstock)Empresas fictícias prometem ganho de dinheiro fácil e rápido com a venda de produtos e serviços. Veja como não cair nesse golpe.
A promessa é sempre a mesma: ganhar dinheiro fácil e rápido com a venda de um produto ou serviço. Quanto mais pessoas você levar ao grupo, mais dinheiro ganhará – mas, para isso, deve pagar uma taxa de adesão e uma mensalidade.
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Foi o que ouviu um consultor de seguros de São Paulo quando recebeu uma proposta de amigos para vender rastreadores de veículos. “A rede fazia saltar os olhos. Via todos eles ganhando dinheiro e até carro. Entrei e levei dez amigos comigo”, conta.
Na esperança de ganhar uma renda extra sem muito esforço, o consultor investiu 3 mil reais, até que o Ministério Público interrompeu a operação da empresa fictícia por crimes de estelionato e fraude – e ele saiu sem nem sequer reaver o valor investido. “Não adianta se iludir. Não existe dinheiro fácil”, diz.
Golpe antigo, as pirâmides financeiras são falsas empresas que nem sempre vendem produtos ou prestam serviços. O que movimenta seus negócios é a adesão de participantes a um grupo, cuja única finalidade é arrecadar dinheiro para seus líderes.
Esse tipo de operação é ilegal e pode fazer você ficar no prejuízo, mas ainda é comum e faz brilhar os olhos de muita gente em tempos de desemprego alto.
“É muito difícil combater essas pirâmides, porque elas se reinventam a todo momento. Durante a crise, é ainda mais fácil acreditar na falsa promessa de ter uma renda extra informal de um jeito fácil e rápido”, explica o pesquisador Renato Araújo, da associação de consumidores Proteste.
Como funciona
Tudo começa com um convite para fazer parte de uma rede que
vende produtos ou serviços, para ganhar uma remuneração alta. Muitas
vezes, a apresentação desse grupo acontece por meio do boca a boca, em
eventos fechados, onde os líderes da rede captam novos integrantes de
forma insistente.
Para fazer parte do grupo, você deve pagar uma taxa de
adesão e uma mensalidade. Quanto mais pessoas levar, mais dinheiro
receberá em troca. Você recebe por cada integrante que que conseguir
captar e pelos convidados dele, daí o conceito de pirâmide. Quem está na
parte de baixo trabalha para aumentar os ganhos de quem está no topo.
“As pirâmides envolvem produtos ou serviços de baixo valor e
de difícil entendimento, sem regras claras de remuneração, e exigem que
você invista dinheiro antecipadamente. Elas não se sustentam a longo
prazo, porque, para isso, precisariam envolver todas as pessoas do
planeta”, explica a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Pirâmides financeiras X Marketing multinível
Muitas pirâmides financeiras ilegais se apresentam como
empresas de marketing multinível. No entanto, esses grupos reais e
legalizados vendem produtos com grande demanda no mercado e efetivamente
úteis. Os vendedores são remunerados, sobretudo com base nas vendas,
embora também possam receber uma comissão sobre a entrada de novos
integrantes.
Já as pirâmides garantem rendimentos rápidos e acima da
média para vendedores de produtos baratos ou serviços de pouca
utilidade. Além disso, cobram taxa de adesão e mensalidade para fazer
parte da rede.
Por isso, desconfie de negócios tentadores, mas que exigem
algum pagamento antecipado. Suspeite da insistência exagerada para fazer
parte de uma “equipe” e de encontros de empresas que não têm uma
atividade muito clara. Vale também fazer uma busca na internet para
conferir se a empresa tem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
“Desconfie de tudo que oferece um ganho muito vantajoso além
dos ativos do mercado tradicional”, orienta Ione. É muito difícil
recuperar o dinheiro que você pagou para o grupo, pois a Justiça pode
considerar você cúmplice do negócio.
http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/saiba-reconhecer-o-golpe-da-piramide-financeira/
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