É uma experiência fantástica! Todos os
presentes ficam em pé à medida que a melodia triunfante do “Coro de
Aleluia” invade o auditório:
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Pois o Senhor onipotente reina...
O reino deste mundo
Se tornou o reino do Senhor e do Seu Cristo...
E Ele reinará para sempre...
Rei dos reis! E Grande Senhor!
Aleluia!
O clímax do Messias de Georg Friedrich Händel, extraído do
último livro da Bíblia, descreve o evento mais significativo nas
profecias: a revelação de Jesus Cristo. O apóstolo João escreveu as
palavras, e elas ampliam uma profecia do Livro de Daniel, o qual
apresenta o esboço da progressão da história humana, que culmina no
mesmo glorioso evento.
No ano 605 a.C., Nabucodonosor invadiu Jerusalém. Tendo recebido a
notícia que seu pai, Nabopolasar, havia morrido, ele voltou à Babilônia
para assumir o trono, levando consigo utensílios saqueados do Templo e
também um seleto grupo de jovens judeus cativos. Daniel estava entre
eles. Esta foi a primeira deportação. A última terminou em 586 a.C., com
a destruição de Jerusalém e do Templo que o rei Salomão havia
construído.
Na Babilônia, Daniel serviu a Deus com toda a dedicação. Ele
demonstrava uma sabedoria tamanha que conquistou um lugar de
proeminência que durou o tempo do reinado de vários reis, prolongando-se
além da época do Império Babilônico. Não nos surpreende que Deus tenha
confiado a ele a sinopse da história do mundo, uma vez que ele era
“muito amado por Deus” (Dn 9.23; Dn 10.11,19).
Logo depois de chegar à Babilônia, Daniel interpretou o sonho
problemático de Nabucodonosor a respeito de uma grande imagem com a
cabeça de ouro, peito e braços de prata, abdômen e coxas de bronze,
pernas de ferro e pés de ferro e de barro (Dn 2.21-35). Enquanto o rei a
observava, uma pedra esmagou os pés da imagem, fazendo aquele colosso
se despedaçar no chão.
Daniel explicou que a cabeça de ouro representava a Babilônia. Depois
se seguiram três impérios gentílicos sucessivamente inferiores, que
finalmente foram transformados em pó e espalhados pelo vento.
Os Três Primeiros Animais
Aproximadamente 50 anos mais tarde, Daniel teve um sonho que se
assemelhava ao sonho de Nabucodonosor. De dentro de um mar turbulento e
agitado emergiram quatro animais correspondendo aos quatro reinos do
sonho de Nabucodonosor. Os dois sonhos enfatizam os mesmos impérios
mundiais. Vistos de uma perspectiva humana, escreveu o estudioso da
Bíblia John Walvoord, parecem “gloriosos e impositivos”; mas, do ponto
de vista divino, as características dominantes são “a imoralidade, a
brutalidade e a depravação”.[1]
Leão
O primeiro animal era como um leão, tinha asas de águia, e é quase
que universalmente reconhecido como a Babilônia (Dn 7.4; cf. Jr
49.19-22). Enquanto Daniel olhava, as asas foram arrancadas, limitando
seu potencial para futuras conquistas (Dn 7.4).[2] Ele foi“levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente de homem” (v.4).Muitos
crêem que isso se refere ao tempo em que Deus julgou Nabucodonosor por
seu orgulho, fazendo-o ficar como um animal durante sete anos. Ele
emergiu com uma nova atitude diante de Deus (Dn 4.36).
Urso
Movendo-se com dificuldade pela praia atrás do leão com asas, estava uma criatura“semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um de seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas” (Dn 7.5). O
urso lento e desajeitado com um apetite voraz representa acuradamente o
Império Medo-Persa. Grande e poderoso, ele conquistava através da
“força dos números, por meio de uma capacidade elástica de absorver as
causalidades”.[3] O urso levantado sobre um de seus lados parece indicar
a crescente dominação da Pérsia, que finalmente absorveu os medos.[4]
As costelas entre os dentes do urso representam três reinos que ele
devorou; são provavelmente o reino da Lídia, que caiu sob o poder de
Ciro em 546 a.C.; o Império Caldeu anexado em 539 a.C.; e o Império
Egípcio dominado sob o poder de Cambises em 525 a.C.[5] Ao urso foi
dito: “Levanta-te, devora muita carne” (Dn 7.5).
Em outra das visões de Daniel, o império é retratado como um carneiro com um chifre mais alto do que o outro, que “dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir” (Dn 8.4).
Leopardo
A próxima criatura que surgiu da arrebentação era “semelhante a
um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este
animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio” (Dn 7.6). A
velocidade do leopardo, acelerada por quatro asas, caracterizava com
precisão os exércitos da Grécia comandados por Alexandre o Grande, que
conquistou o mundo em aproximadamente uma década. A história mostra que
logo após sua morte, em 323 a.C., o Império Grego foi dividido em quatro
partes, entre Antípater (que foi sucedido por Cassandro), Lisímaco,
Seleuco e Ptolomeu.[6]
Na visão subseqüente, o Império Grego é representado por um bode com
um grande chifre que é quebrado e substituído por quatro chifres
notáveis (Dn 8.5,8,21). Depois, de um dos quatro chifres, surgiu um
pequeno chifre, historicamente personificado por Antíoco IV, que
governou a Síria de 175 a 164 a.C. (v.9). Buscando helenizar Israel, ele
baniu o judaísmo, sacrificou um porco no altar do Templo, e erigiu uma
estátua de Zeus nos átrios do templo. Essa estátua tinha a aparência do
próprio Antíoco. O Templo foi mais tarde retomado e novamente dedicado a
Deus, como Daniel profetizou (v.14).
A Besta Terrível
O último animal que emergiu do mar era “terrível, espantoso, e
sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e
fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; ... e tinha dez
chifres” (Dn 7.7). Sem possuir nenhum equivalente no mundo animal,
esse monstro simboliza “um poder mundial singularmente voraz, cruel e
também vingativo”.[7]
Segundo Walvoord: “O Império Romano foi sem escrúpulos e implacável
na destruição de civilizações e povos, matando cativos aos milhares ou
vendendo-os como escravos às centenas de milhares”.[8]
Nada na história até hoje equivale à descrição: “Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino” (v.24). Como
os artelhos no sonho de Nabucodonosor, os dez chifres indicam uma
futura coalizão de governadores que existirão contemporaneamente.
Enquanto Daniel olhava, ele viu “que, entre eles subiu outro
chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram
arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma
boca que falava com insolência” (v.8). Não devendo ser confundido
com o “pequeno chifre” associado ao Império Grego, o chifre de Daniel
7.8 emerge depois de haver deposto três governadores e representa o
ditador mundial final (cf. Dn 7.24-25; Dn 11.36-45; 2 Ts 2.3-8; Ap
13.1-8).[9] Sob sua liderança, o Império Romano ressurge refletindo seu
caráter enganoso, blasfemo e implacável.
Exigindo que o mundo o adore e destruindo todos os que se recusam a
se sujeitar, esse líder mundial final é o Anticristo. Ele concentrará
sua hostilidade contra o povo judeu, resultando em “grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (Mt 24.21).
Uma moeda de bronze, cunhada após a destruição de Jerusalém ocorrida
em 70 d.C. Na frente/cara vê-se um retrato do imperador romano
Vespasiano; no verso/coroa, vê-se a inscrição latina “Judea Capta”, que
significa “A Judéia está vencida”.
Alarmado, Daniel ficou olhando até que viu“que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado” (Dn 7.11), fazendo um paralelo com a revelação do apóstolo João na qual “a besta foi aprisionada (...) [e ela, juntamente com o falso profeta,] foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre” (Ap 19.20).
O Anticristo será o primeiro habitante do Lago de Fogo, e sua destruição põe fim à dominação gentílica do mundo.
O Messias, representado pela pedra que “foi cortada sem auxílio de
mãos” no sonho de Nabucodonosor, então estabelecerá Seu reino, como
descrito por Daniel: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e
eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e
dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado
domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de
todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não
passará, e o seu reino jamais será destruído” (Dn 7.13-14).
Naquele momento, “o reino do mundo [se tornará] de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15). Aleluia!
(Charles E. McCracken - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)
Notas:
- John Walvoord, Daniel: The Key to Prophetic Revelation [A Chave Para a Revelação Profética] (Chicago: Moody Press, 1971), 151.
- Albert Barnes, Notes on the Old Testament [Notas Sobre o Antigo Testamento], “Daniel” (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1980), 47.
- Will Durant, Our Oriental Heritage [Nossa Herança Oriental] (New York: Simon and Shuster, 1954), 360.
- Walvoord, 156.
- Frank E. Gabelein, Ed., Expositors Bible Commentary [Comentário Bíblico de Expositores] (Grand Rapids: Zondervan, 1985), 7:86.
- Ibid.
- H. C. Leupold, citado em Walvoord, 161.
- Ibid.
- H. A. Ironside, Lectures on Daniel the Prophet [Palestras Sobre Daniel o Profeta] (Neptune, NJ: Loizeaux Brothers, 1982), 133.
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