Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

30 de junho de 2015

A ORIGEM DA ALMA E DO ESPÍRITO DO HOMEM




A Bíblia afirma que o homem foi criado por Deus, e que Deus soprou o fôlego de vida e o homem passou a ser alma vivente (Gn 2.7). Enquanto isso não há dúvida. Mas quando se trata da afinidade da alma com a raça, surgem várias dúvidas. Muitos afirmam que

• Somos filhos do nosso pai somente enquanto corpo.

• Outros que somos filhos dos nossos pais enquanto a toda natureza.

• E outros afirmam que as almas já existiam antes que tivessem um corpo.

O objetivo deste capítulo, não é só responder as perguntas, mas sim procurar trazer também uma melhor compreensão sobre tal assunto. Um assunto que na verdade é pouco falado, mas uma vez analisado profundamente tem uma grande luz esclarecedora por traz dele.

Os recentes debates em torno do uso de embriões na pesquisa trouxe ao cenário contemporâneo uma questão metafísica. O embrião é apenas “algo” ou é “alguém”? Ou dito de outra forma: por detrás do pequenino “algo” que é o embrião esconde-se “alguém”? Nas igrejas cristãs os fiéis perguntam aos pastores e padres:

“O embrião tem alma?” Que não é senão outra forma de perguntar se o embrião é “algo” ou “alguém”.

O embrião tem alma? Em que momento a alma começa a existir? Para responder a questão, peço licença para aborrecê-los com um pouco de teologia com cheiro de Idade Média. São três as opiniões que circularam na história do pensamento cristão: A Preexistencialista afirma que as almas preexistem ao seu nascimento. A Criacionista afirma que cada alma é criada diretamente por Deus, em algum tempo antes do nascimento da criança. A Traducionista afirma que o homem transmite aos filhos todo o seu ser, corpo e alma, reproduzindo-se, conforme todos os animais, segundo a sua espécie.

Para Aurélio Agostinho sempre encontrou dificuldades na questão da origem da alma. Certo está de que a alma não pode emanar de Deus no sentido do panteísmo neoplatônico, pois então seria de algum modo parte de Deus. Também corrige Orígenes, cuja doutrina da preexistência não adaptou suficientemente o platonismo ao pensamento cristão. Antes, a alma deve ser criada. Mas aqui surgem várias dificuldades.

1. Ou as almas provêm da alma de Adão (generacionismo).

2. Ou cada alma é criada diretamente na sua individualidade (criacionismo).

3. Ou as almas existem em Deus e são infundidas no corpo.

4. Ou existem em Deus e se unem voluntariamente ao corpo (doutrina cristã da preexistência).

O criacionismo oferece dificuldades à teologia de Agostinho, porque então não se poderia explicar bem a transmissão do pecado original. O generacionismo seria melhor adequado a essa transmissão, mas corre o perigo de cair no materialismo. Mesmo mais tarde ainda Agostinho confessa que não encontra nenhuma clareza nessa explicação (Retr. I, 1, 3). Essas aporias (dificuldades de ordem racional) já existiam em Platão, para quem a alma, de um lado, deve ser algo do corpo, isto é, o princípio da sua vida sensível; mas, de outro, deve ser completamente distinta dele (Hist. Fil. Antigüidade, pág. 107). Elas emergem de novo em Aristóteles e no Peripato (1. c., págs. 189, 259) e se fortalecem com a mais acentuada afirmação da substancialidade da alma, no pensamento cristão.

Agostinho afirma-se incapaz de solucionar a questão da origem da alma e, embora tão influenciado por Platão, não acha a matéria por si mesma condenável, assim como não encara como castigo a união da alma com o corpo. Não seria este, como se disse tanto, a prisão da alma: o que faz do homem prisioneiro da matéria é o pecado, do qual deve libertar-se pela vida moral, pelas virtudes cristãs. O pecado leva o corpo a dominar a alma; a religião, porém, é o contrário do pecado, é a dominação do corpo pela alma, que se orienta livremente para Deus, assistida pela graça.

Muitos antropólogos bíblicos têm debatido sobre a origem do espírito e a alma dentro do homem, como já foi dito sabe-se que em Adão Deus soprou sobre suas narinas, mas a partir de Adão como tem acontecido para que o espírito e a alma pudessem estar nele? Se a alma é a personalidade do homem, como ela nasce dentro do corpo humano? O corpo sim é gerado através de uma relação sexual, mas e a parte espiritual do homem, e sua alma, como acontecem sua aparição dentro do corpo humano? E o caso de Eva, o corpo foi feito de uma costela de Adão, mas a alma e o espírito? Deus não soprou em suas narinas também! A resposta para tais perguntas tem surgido muitos debates, e há muitos pensamentos sobre o assunto,

mas buscando dar um maior entendimento sobre o assunto, apresentaremos a seguir algumas teorias acerca da origem da alma e espírito dentro do homem.

1. Teoria do Pré-existencialismo

De acordo com esta teoria as almas já tiveram uma existência separada, consciente e pessoal, em um estado prévio; que havendo pecado nesse estado pré-existente, elas são condenadas a nascer nesse mundo em um estado de pecado e em conexão com um corpo material em algum ponto do começo do seu desenvolvimento. Muitos acham que os discípulos de Cristo foram influenciados por essa idéia quando disseram a respeito do homem que havia nascido cego: “Mestre quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (João 9.2).

Apesar desta visão preexistencialista ser defendida por alguns filósofos tais como Platão, Sócrates e grandes nomes do cristianismo tais como Orígenes (185254) e Scotus Erígena (810-877), nunca foi incorporada pela fé cristã. Observemos algumas dessas posições.

A. Platão. Platão de Atenas (428/27 a.C. — 347 a.C.) foi um filósofo grego, discípulo de Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Aristócles. Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. …t.. (plátos), em grego significa amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência.

Para Platão o homem era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o homem possuía. Ao passo que o corpo sempre está em constante mudança de aparência e forma. A alma não muda nunca, a partir do momento em que nascemos temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão escritas na alma eternamente, porém ao nascermos esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.

A alma é divida em 3 partes:

• Raciona: região da cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes;

• Tórax: irascível; parte dos sentimentos;

• Abdômen: concupiscível; desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido.

Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto de seus tempos em companhia dos deuses. O conhecimento da alma é que dá sentido à vida. Tudo foi criado pelo Demiurgo (seu criador), um divino artesão que criou o mundo real e sua aparência. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das idéias o homem não pode transformar nada. Porque se é perfeito não pode ser mais perfeito como se fosse apenas algo material que nos segue.

A antropologia filosófica de Platão sugere que o verdadeiro homem é um ser imortal, cujo nome próprio é a alma, que entra na comunhão dos deuses. O homem é uma união do corpo e da alma, sendo o corpo considerado apenas um veículo da alma. A alma é propriamente o homem, sendo o corpo uma sombra. Mas esta união é infeliz, pois o corpo serve como uma prisão para a alma, e ela só atingirá a verdade do que busca quando se desprender do corpo. Platão repete a expressão de Pitágoras que considerava o corpo como o túmulo da alma.

Segundo o pensamento de Platão, a origem da alma está no Demiurgo (Deus criador do Universo), todas as almas humanas são feitas pelo próprio Demiurgo, o qual criou todas individualmente, as entregou para o seu destino seqüencial, aos “deuses criados”, à terra e aos planetas, para introduzirem a alma na existência, revesti-la de um corpo, nutrir o homem e deixá-lo crescer para depois recebê-lo de novo quando deixar esta vida. Para Platão a alma é uma substância invisível, imaterial, espiritual. Só quando é entregue ao instrumento do tempo é que ela se une ao corpo, e só então nascem as percepções.

B. Orígenes. Orígenes (185 — 253 d.C.) foi um teólogo e prolixo escritor cristão. Nasceu em Alexandria, Egito, e faleceu, segundo alguns dados em Cesaréia, na atual Palestina ou, mais provavelmente, segundo outras fontes, em Tiro.

Foi segundo J. Quasten, o maior erudito da Igreja antiga – nasceu de uma família cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria. Assumiu, em 203, a direção da escola catequética em Alexandria – que havia sido fundada por um estóico chamado Panteno que se havia convertido à mensagem de Cristo – atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais. Depois de ter também freqüentado, desde 205, a escola de Amônio Sacas -fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino -, apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos. No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia. Em 231, Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido à animosidade que o bispo Demétrio lhe devotava pelo fato de se ter feito eunuco no sentido literal e físico desta palavra. Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia, muitas vezes, estado: Cesaréia, na Palestina, onde prosseguiu suas atividades com grande sucesso abrindo a chamada Escola de Cesaréia. Na seqüência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por Décio, Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de 253.

Orígenes dedicava-se ao estudo e à discussão da filosofia, em especial Platão e os filósofos estóicos. No seu pensamento, podemos referir a tese da pré-existência da alma e a doutrina da “apocatastase”, ou seja, da restauração universal (palingenesia), ambas posteriormente condenadas no Segundo Concílio de Constantinopla, realizado em 553, por serem formalmente contrárias ao núcleo irredutível do ensinamento bíblico -, embora estudiosos modernos e contemporâneos reconheçam inequivocamente que a primeira era mais «atribuída a Orígenes (por outros) do que propriamente defendida por ele.

Orígenes sustentava que Deus, conforme sua infinita justiça criou iguais todas as almas. A atual disparidade de condições dos seres humanos se deve ao diverso comportamento numa existência anterior.

Ao contrário do que afirmam certos teosofistas, Orígenes era totalmente contrário à doutrina da metempsicose (renascimento do ser humano em animais). Profundo conhecedor deste conceito a partir da filosofia grega, afirma que a metempsicose (transmigração) “é totalmente alheia à Igreja de Deus, não ensinada pelos Apóstolos e não sustentada pela Escritura” (“Comentário ao Evangelho de Mateus” XIII, 1, 46-53).

Scotus Erígena também sustenta que o pecado deu entrada no mundo da humanidade no estado pré-temporal, e que, portanto o homem começa a sua carreira na terra como pecador.

E Júlio Muller recorre à teoria, com o fim de conciliar as doutrinas da universalidade do pecado e da culpa individual. Segundo ele, cada pessoa necessariamente deve ter cometido pecado voluntário naquela existência anterior.

Objeções ao Pré-existencialismo

1. É absolutamente vazia de bases bíblicas e filosóficas e, pelo menos nalgumas de suas formas, baseia-se no dualismo de matéria e espírito como ensinado na filosofia pagã, fazendo da ligação da alma com o corpo uma punição para a alma.

2. Faz realmente do corpo uma coisa acidental. A alma estava inicialmente sem o corpo, recebendo-o posteriormente. O homem era composto sem o corpo. Isto elimina virtualmente a distinção entre o homem e os anjos.

3. Destrói a unidade da raça humana, pois presume que todas as almas individuais existiam muito antes de entrarem na vida presente. Elas constituem uma raça.

4. Não acha suporte na consciência de uma tal existência anterior; tampouco sente que o corpo é uma prisão ou um lugar de punição para a alma. De fato; ele teme a separação de corpo e alma como uma coisa antinatural.

5. A Bíblia jamais atribui nossa presente condição a alguma causa anterior ao pecado de nosso primeiro pai, Adão (Rm 5.12-21; 1Co 15.22).

6. Tal idéia tende a nos fazer encarar a vida presente como transicional ou pouco importante, e nos faz pensar que a vida no corpo é menos desejável, e a criação de filhos, menos importante.
 
2. Teoria do Criacionismo

De acordo com esta escola, a alma e o espírito são criados por Deus e agregados ao corpo do minúsculo ser, no momento do ato gerativo, ou ao longo do desenvolvimento fetal ou, ainda, no dia do nascimento. O criacionismo não deve confundir-se com a teoria preexistencialista, a qual preconiza que as almas e os espíritos foram criados antes da geração humana, e ficaram à espera de corpos que lhes fossem preparados para sua agregação. O criacionismo, ao contrário, ensina que Deus cria um espírito para cada corpo, no momento da geração. Entre os adeptos da teoria do criacionismo estão Ambrósio, Jerônimo, Pelágio, Anselmo, Aquino e a maioria dos católicos romanos e luteranos.

Pontos Favoráveis ao Criacionismo

1. O relato original da criação indica marcante distinção entre a criação do corpo e da alma. Aquele é tomado da terra, ao passo que esta vem diretamente de Deus. Esta distinção se mantém através de toda a Bíblia, onde o corpo e a alma não somente são apresentados como substâncias diferentes, mas também como tendo origens diferentes (Ec 12.7; Is 42.5).

2. É claramente mais coerente com a natureza da alma humana. A natureza imaterial e espiritual, e portanto indivisível, da alma do homem, geralmente admitida por todos os cristãos, é expressamente reconhecida pelo criacionismo.

3. Evita perigos latentes na área da Cristologia, e faz maior justiça à descrição escriturística da pessoa de Cristo. Ele foi verdadeiro homem, possuindo verdadeira natureza humana, corpo real e alma racional, nasceu de mulher, fez-se semelhante a nós em todos os pontos e, todavia, sem pecado. Diversamente de todos os outros homens, Ele não participou da culpa e corrupção da transgressão de Adão. Isso foi possível porque Ele não compartilhou a mesma essência numérica que pecou Adão.

4. O Salmo 127.3 diz: “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão”. Isso indica que não só a alma, mas também toda a pessoa da criança, incluindo seu corpo, é dádiva de Deus.

5. Não é possível conceber que a mãe e o pai sejam somente eles responsáveis por todos os aspectos da existência do filho. Disse o salmista: Salmo 139.13 “Tu me teceste no seio de minha mãe”.

6. Isaías 42.1 O profeta afirma que Deus dá fôlego às pessoas da terra e “espírito aos que andam nela”.

Objeções ao Criacionismo

1. O criacionismo não pode explicar o fatos dos filhos se parecerem com os pais nos aspectos intelectuais e espirituais tanto quanto nos físicos.

2. As referências que falam de Deus como Criador da alma dão a entender criação imediata. Deus é, com igual clareza, mostrado como o Criador do corpo (por ex. Sl 139.13,14; Jr 1.5), e nem por isso interpretamos isto como se significasse criação imediata, mas sim mediata.

3. Não explica a tendência que todos os homens têm de pecar. Ou Deus deve ter criado cada alma em uma condição de pecaminosidade, ou o simples contato da alma com o corpo deve tê-la corrompido. No primeiro caso, Deus é o autor do pecado, e no segundo, o indireto. Tudo isto prova que a teoria da criação é insustentável.
 
3. Teoria Traducionista

O termo “traduciano” provém do verbo latino traducere (“levar ou trazer por cima”, “transportar”, “transferir”). Sustenta que a raça humana foi criada imediatamente em Adão, no que diz respeito à alma como também ao corpo, e que ambos são propagados da parte dele para a geração natural. Em outras palavras, Deus outorgou a Adão e Eva os meios pelos quais eles (e todos os seres humanos) teriam descendentes à sua própria imagem, perfazendo, assim, a totalidade da pessoa material e imaterial.

Essa teoria baseia-se na Bíblia, que parece apresentar este pensamento através de vários de seus textos: Gn 1.28 e 1.22; Gn 2.2 que fala do término da obra criativa de Deus; Gn 2.7 nos fala da origem da alma de Adão, enquanto que os versos 21-23 mencionam a origem da alma de Eva; outros textos são: Gn 46.26; Sl 52.5; Rm 1.3; 1Co 11.8; Hb 7.9,10.

O Traducionismo se baseia ainda na hereditariedade do pecado de Adão e na hereditariedade de traços mentais, físicos e morais que os filhos têm dos pais.

Na igreja Primitiva Tertuliano, Rufino, Apolinário e Gregório de Nissa eram traducionistas. Desde os dias de Lutero o traducionismo tem sido o conceito geralmente aceito pela Igreja Luterana. Entre os reformados (calvinistas), tem apoio de H. B. Smith e Shedd. A. H. Strong também tem preferência por ele.

Pontos a Favoráveis do Traducionismo

1. Pela descrição bíblica segundo a qual Deus uma única vez soprou nas narinas do homem o fôlego de vida, e depois deixou que o homem reproduzisse a espécie (Gn 1.28; 2:7).

2. A criação da alma de Eva estava incluída na de Adão, desde que se diz que ela foi feita “do homem” (1Co 11.8), e nada se diz acerca da criação da sua alma (Gn 2.23).

3. Deus cessou a obra de criação depois de haver feito o homem (Gn 2.2).

4. As Escrituras afirmam que os descendentes estão nos lombos dos seus pais (Gn 46.56; Hb 7.9,10).

5. Tem o apoio da analogia da vida vegetal e animal, em que o aumento numérico é assegurado, não por um número continuamente crescente de criações imediatas, diretas, mas pela derivação natural de novos indivíduos de um tronco paterno (Sl 104.30).

6. A teria procura também apoio na herança de peculiaridades mentais e tipos familiais, tantas vezes tão notórios e notáveis como semelhanças físicas, que não podem ser explicados pela educação ou pelo exemplo, desde que se evidenciam mesmo quando seus pais não vivem para criar seus filhos.

7. Oferece maior base para explicação da herança da depravação moral e espiritual, que é assunto da alma, e não do corpo. É muito comum combinar o traducionismo com a teoria realista para explicar o pecado original.

8. Explica a universalidade do pecado. Entre os anjos, alguns caíram e outros não, porque não havia conexão racial, nem transmissão de natureza pecaminosa, de um para o outro.

Objeções ao Traducionismo

1. Parte do pressuposto de que, depois da criação original, Deus só age mediatamente. Depois dos seis dias da criação a Sua obra criadora cessou. A contínua criação de almas, diz Delitzsch, é incoerente com a relação de Deus com o mundo. Pode-se porém levantar a questão: Que será, então da doutrina da regeneração, que não é efetuada por causas secundárias.

2. Geralmente se alia à teoria do realismo, uma vez que é o único modo pelo qual pode explicar a culpa original. Fazendo isso, afirma a unidade numérica da substância de todas as almas humanas, posição insustentável e também deixa de dar uma resposta satisfatória à questão, por que os homens são responsabilizados somente pelo primeiro pecado de Adão, e não pelos seus pecados subseqüentes, nem pelos pecados dos seus outros antepassados.

3. É contrária à doutrina filosófica da simplicidade da alma. A alma é uma substância puramente espiritual que não admite divisão. A reprodução da alma pareceria implicar que a alma do filho se separa de algum modo da alma dos pais. Além disso, levanta-se a questão se ela origina da alma do pai ou da mãe. Ou provém de ambos? Sendo assim, não é um composto?

4. A ideia de que Levi estava já no corpo de Abraão (Hb 7.10) deve ser entendida num sentido representativo ou figurado, não literal. Além disso, não se fala nesse caso somente da alma de Levi, mas da pessoa integral, incluindo seu corpo e sua alma, embora seu corpo não estivesse fisicamente presente de modo concreto no corpo de Abraão, pois não haveria naquela época uma combinação distinta de genes que se pudesse atribuir a Levi e a ninguém mais. 5. A teoria leva dificuldades no campo da Cristologia. Se em Adão a natureza humana pecou globalmente, e esse pecado foi, portanto, o verdadeiro pecado de cada parte dessa natureza humana, não se pode fugir à conclusão de que a natureza humana de Cristo também foi pecadora e culpada, porque teria o pecado de fato em Adão.

 
FONTE: 
http://nascidodenovo.org/v4/estudos-biblicos/9-a-origem-da-alma-e-do-espirito-do-homem-antropologia/#sthash.yEA6XhWn.dpuf


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