Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

27 de abril de 2015

Não existe pecadinho nem pecadão. Não é bem por aí!



"Não existe pecadinho nem pecadão, tudo é pecado! Existem consequências diferentes..." Na tentativa de demonstrar a gravidade do pecado, as pessoas cunharam um argumento que não faz o menor sentido ou que, no mínimo, não retrata a realidade. Isso pode ser demonstrado com alguns versículos bíblicos que afirmam justamente o contrário, além de algumas argumentações de ordem lógica.
"Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina." – Provérbios 6:16. A continuação desse texto deixa bem claro que essas coisas que o Senhor odeia ou abomina são ofensas, são inquestionavelmente pecados. “1) olhos altivos, 2) língua mentirosa, 3) mãos que derramam sangue inocente, 4) coração que trama projetos iníquos, 5) pés que se apressam a correr para o mal, 6) testemunha falsa que profere mentiras e 7) o que semeia contendas entre irmãos.” – Provérbios 6:17-19 
Há alguma possibilidade para os sete itens acima não serem classificados como pecados? Se esses são sete pecados e um deles ofende mais a Deus, logo podemos concluir a partir das declarações desse Provérbio que nosso provérbio é falso. Existem seis pecadinhos e um pecadão. O provérbio bíblico precisa estar correto; e o nosso, errado. Não há alternativa! 

Algumas pessoas ainda insistiriam dizendo que a diferença está nas consequências do pecado para o pecador, mas Deus vê todos os pecados da mesma forma. Isso não é bíblico! Esse versículo de Provérbios mostra justamente o contrário, e nem pela lógica poderíamos dizer que isso faz algum sentido - e apresentarei o porquê mais adiante. O fato é que, pelo menos para esse texto, o autor não está tratando de como Deus trata cada ofensa, mas sim de quanto esses pecados ofendem a Deus. O autor não está falando das consequências do meu pecado, mas de como Deus vê os meus pecados. Por algum motivo Deus considera o sétimo pecado mais grave do que os outros pecados. 

Jesus também apresenta por duas vezes uma realidade diferente do popular provérbio. A primeira delas foi dirigida a Pilatos: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.” – João 19:11. Se Judas tinha um pecado maior, então Pilatos tinha um pecado menor. Mais uma vez, Jesus não está fazendo distinção entre as consequências do pecado de cada um, mas de como Ele julgava ser maior ou menor a ofensa de cada um dos pecadores. Pilatos tinha um pecadinho, e Judas um pecadão! Por algum motivo Jesus considera o pecado de Judas mais grave do que o pecado de Pilatos. 

A segunda declaração de Jesus que deixa bem claro que há diferença entre pecados, além das consequências diferenciadas, está em Mateus 12:32 – “Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir”. Se todos os pecados são iguais, todos deveriam ser igualmente perdoáveis. Se há um pecado imperdoável, ele deve, necessariamente, ser diferente dos outros, não só em sua consequência, mas também na gravidade da ofensa. Por algum motivo Deus considera esse pecado mais grave do que os outros pecados perdoáveis. 

João, como bom discípulo do Mestre, faz a mesma distinção entre pecados quando declara: “Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue.” – 1 João 5:16. Por que deveríamos dar tratamento diferente para pecados que são iguais? Ou estamos errados em dizer que todos os pecados são iguais, ou o apóstolo está errado ao recomendar um tratamento diferente. Por algum motivo o apóstolo considera um pecado mais grave; e, obviamente, merece um tratamento diferenciado. 

O apóstolo João não é o único que enxerga diferença na gravidade entre um pecado e outro. Nós mesmos identificamos essa diferença quando nos surpreendemos mais com a conversão e testemunho de um homicida do que com a conversão de uma pessoa comum. Por que o testemunho de conversão de um homicida é mais impactante do que de outro? Talvez o que Jesus diz da mulher adúltera para Simão traga alguma luz para esse questionamento. Vejamos: “Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.” – Lucas 7:47. 

Quando perdemos a noção da gravidade da ofensa contra Deus, corremos também o risco de perder a noção do quanto Ele nos amou. Quando experimentamos de seu amor e de seu perdão em contraste com nossas ofensas, mensuramos também o nosso amor por Ele; porquanto, amamos mais, quando somos mais perdoados. Não foi isso o que Jesus quis dizer? 

E por último, vamos à compreensão lógica da questão. Dizer que “não existe pecado maior ou menor, porque tudo é pecado” seria o mesmo que dizer que não existe diamante mais caro ou menos caro, porque tudo é diamante. Tudo é pecado, sendo maior ou menor. Isso é óbvio, mas não entenda o contrário do que se afirma. Parece que aceitar a existência de alguma diferença entre pecados faz um pecado muito cabeludo excluir os pecados menores da classificação de pecados. Isso não é verdade! Todo pecado, por menor que seja, continuará sendo pecado, mesmo se confrontado com outro pecado maior. Da mesma forma que uma pedrinha de diamante continuará sendo diamante, mesmo quando comparada a uma gema como a Pantera Cor-de-Rosa. 

Vejamos a definição para a palavra consequência segundo o dicionário Houaiss: “algo produzido por uma causa ou frequentemente sequente a um conjunto de condições; efeito, resultado”. 

Ninguém pode dizer que os efeitos, resultados, consequências de uma bombinha de São João são as mesmas de uma dinamite, porque as causas da explosão geram consequências diferentes. Faz sentido alguém dizer que não existe bombinha ou dinamite, tudo é bomba? Faz sentido dizer que existe diferença na consequência entre a explosão de uma bombinha e a explosão de uma dinamite, mas tudo é bomba e elas são iguais? Bombinha e dinamite iguais?! 

A palavra consequência liga o resultado à causa. Ao dizer que os pecados têm consequências diferentes, você está afirmando que as causas são também diferentes. Você não tem como fugir disso pela simples definição e emprego da palavra consequência! 

Se você, leitor, é um daqueles que repetem o provérbio sem pensar no que está falando, pare tudo e pense nisso agora! Como uma consequência pode ser mais grave que a outra sem estar ligada à gravidade do pecado? Se não é a gravidade do pecado que determina a gravidade de sua consequência, o que é então? 



Autor: André R. Fonseca
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca
http://www.andrerfonseca.com/2012/01/nao-existe-pecadinho-nem-pecadao-nao-e.html



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