Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

14 de outubro de 2014

REFLEXÕES SOBRE OS DOIS MAIORES MANDAMENTOS

 
Por Fernando Galli

Jesus Cristo disse que os dois maiores mandamentos são: Amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento e amar o próximo como a nós mesmos. Como podemos aplicar esses mandamentos? O que eles se contrastam com a hipocrisia religiosa? Quais as características de uma religião formalista, sem vitalidade espiritual, que não pratica esses dois mandamentos? – Mateus 22:37-39.

Amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento

Quando se ama uma pessoa de verdade, faz-se tudo ao alcance para agradá-la. Com o coração, mostra-se a vontade de se estar ao lado dela; com a alma, dá-se até a vida para reafirmar este amor; com o entendimento, a razão supera a emoção de modo que tanto quem ama como quem é amado sentem prazer nesta relação. É como se define amor sobre a passagem em Mateus 22:37-40: “O amor não é, primordialmente, um sentimento, mas uma aliança de fidelidade, uma questão de querer e de fazer de todo o coração ... alma entendimento.”¹
Na vida cristã, há muitas maneiras de se demonstrar tal amor a Deus. Uma maneira especial é demonstrarmos gratidão por sua Palavra a Bíblia. Na linguagem teológica, é impossível separar amor de adoração. E Deus nos ensina que devemos adorar a Deus em espírito e em verdade. (João 4:24) Amar e adorar a Deus em verdade é conhecer a verdade de Deus. Mas não se trata de conhecimento intelectual, mas relacional. Quando um homem e uma mulher se amam de verdade, eles se conhecem muito bem, pois há amizade a qual gera conhecimento mútuo. Então, no relacionamento de amor com Deus, naturalmente ocorrerá este conhecimento relacional através da intimidade do crente com o pensar de Deus registrado em sua Palavra. Por isso, podemos endossar as palavras do Salmista: “Como amo tua lei! Ela é minha meditação o dia todo.” (Salmo 119:97) Mas como é de todo coração, alma e entendimento, daremos prioridade máxima a este relacionamento com esta fonte de sabedoria inesgotável. Teremos vontade de lê-la, daremos nossa vida por aprendê-la, praticá-la e ensiná-la, e evidenciaremos que entendemos desta Palavra no agir diário.
Outra maneira de demonstrarmos amor a Deus é falarmos sobre Ele. Um casal que se ama é composto por duas pessoas que falam bem e bastante uma da outra. O crente, igual ao salmista, testemunha sobre Deus e não se envergonha. (Salmo 119:46) Ele fala do amor de Deus através de Jesus sem se acanhar. (Romanos 1:16) Este amor incondicional a Deus faz nossos lábios sentirem vontade de falar de Deus, damos nossa vida se for preciso para pregarmos e ensinarmos tudo o que vem de Deus. E com o entendimento gerado por esse amor relacional procuraremos tocar o coração das pessoas com palavras de sabedoria.
 

Amar o próximo como a ti mesmo

É sempre bom salientar neste amor relacional Deus e homem que Deus nos dá o exemplo absoluto de amar seus filhos como Ele ama a si mesmo. Incrível, não? Somente nos fará bem em amarmo-nos uns aos outros. Como Deus nos amou? Evidentemente que a prova maior deste amor de Deus foi o fato de Jesus Cristo morrer por nós. Então, aprendemos com Deus e com Jesus que precisamos praticar o mandamento de amar uns aos outros assim como Jesus nos amou. (João 13:34, 35) Sobre isso, a Bíblia de Aplicação Pessoal, numa nota de roda-pé, afirma:
“Agora devemos amar uns aos outros baseando-nos no amor sacrificial de Jesus por nós. Tal amor não apenas levará os incrédulos a Cristo; também manterá os cristãos fortes e unidos em um mundo que é hostil a Deus.”²
Isto significa que deveríamos estar dispostos a morrer por nossos irmãos. Não se trata de amor da boca para fora. É amor em ação. E daí, vemos muitas maneiras de demonstrar este amor. Uma delas, evidenciarmos o fruto do espírito nos relacionamentos pessoais, buscando a paz entre irmãos, tratando a todos com benignidade, bondade e autodomínio (ou temperança), jamais perdendo a esperança de resolvermos problemas pessoais (longanimidade), sendo exemplos de fé uns aos outros. Quem ama ao próximo com o amor de Deus possui a alegria de Deus. – Gálatas 5:22, 23.
Outra maneira de amarmos o próximo como a nós mesmos é pregarmos o evangelho de Jesus Cristo. Quão ingratos seríamos se nos tornássemos agentes secretos de Jesus e nos calássemos! Sermos testemunhas de Cristo em todos os lugares e momentos possíveis revelará amor ao próximo por ansiarmos pela salvação dele. (1 Timóteo 4:16) Mas este amor demonstrado através do evangelismo continuará com o discipulado. (Mateus 28:19, 20) Será que em seu coração diz-se pulam-se pessoas ou discipulam-se pessoas?
 

O amor de Deus e ao Próximo Versus

a Hipocrisia e o Formalismo Religioso

Certa vez, Jesus condenou uma figueira por não dar frutos. Ela só tinha folhas. (Mateus 21:19-21) Numa relação de amor, comprar roupas belas para adornar quem se ama nada adiantará se este amor não for verdadeiro. Será como uma figueira com folhas, que apenas chama atenção, mas sem frutos, ou seja, não alimenta a ninguém. É um amor formal, mas não prático. Quanta hipocrisia os fariseus demonstravam por se preocuparem com detalhes da Lei ou de suas tradições, sendo que a essência cristã eles deixavam para trás: o amor.
Em nossos tempos, observamos crentes professos e igrejas ensinarem o amor a Deus e ao próximo (folhas), mas não praticam de fato (frutos). Mas Jesus ensinou que os frutos, e não as folhas, que identificam quem é quem. (Mateus 7:16) Vejamos alguns exemplos disso:
  1. Igrejas e crentes que se preocupam mais em construir templos luxuosos, com instrumentos caros, assentos dos melhores possíveis, mas investem pouco no principal modo de se praticar o amor: Evangelismo e discipulado.
  2. Igrejas e crentes que compram carro do ano, mas sequer fazem arranjos para trazer os impossibilitados para os cultos e, depois, levá-los para casa.
  3. Igrejas e crentes que pagam altíssimos salários para seus pastores, mas dão pouca ou nenhuma ajuda aos seus missionários, como ocorreu certa vez em que dois missionários brasileiros na África foram notificados que em seis meses teriam seus salários cortados devido a dificuldades financeiras da Igreja. Qual era a dificuldade? O salário do pastor que iria de 20 para 25 mil Reais?
  4. Crentes que mostram ares de espiritualidade nos cultos, mas seus corações estão sendo alimentados por pornografia, novelas (que possuem todas as obras da carne) e ainda ousam afirmar que não têm tempo de ler e meditar na Palavra de Deus. Ou que exibem seus talentos oratórios em suas pregações, com palavras encorajadoras, mas no dia-a-dia suas línguas os denunciam como verdadeiros bocas-sujas. Será que precisamos melhorar nisso por amor a Deus e até ao próximo? 
O formalismo e a hipocrisia se amam verdadeiramente, de todo o coração, alma e entendimento. Mas não podemos ser padrinhos deste casamento. Cada cristão deve examinar a si mesmo e identificar quaisquer traços de farisaísmo: formalismo e hipocrisia, se está afirmando adorar a Deus com a boca mas com um coração longe dEle. – Mateus 15:7, 8.
 

Amor a Deus e ao Próximo na Totalidade

Precisamos por em prática a interpretação tão bem colocada por HENDRIKSEN ao comentar Mateus 22:37-40 e o tríplice uso da palavra todo(a):
“O homem deve usar todos esses poderes ao máximo; note o tríplice “todo ... toda ... toda” ou “totalidade ... totalidade ... totalidade”. A essência é que amar a Deus de todo o coração não deve ser uma resposta parcial. Quando Deus ama, ele ama o mundo; quando ele dá, dá seu Filho, portanto a si mesmo. [...] Ele o entrega, ele não o poupa.”³

Portanto, que busquemos praticar o amor a Deus e uns para com os outros em resposta total ao amor pleno de Deus. Todos nós precisamos melhorar. Quem se contenta com a dose de amor que já demonstrou está à beira de se contentar com todas as obras da carne que são resultantes do não amar a Deus e ao próximo.
 
 
Por Fernando Galli
 
¹ JERÔNIMO, São. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo: Novo Testamento e Artigos Sistemáticos, página 200. São Paulo: Paulus, 2011.
²  BÍBLIA Aplicação Pessoal, página 1447. CPAD: São Paulo, 2004.
³ HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus, Volume 2, página 432. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

fonte:
http://www.ia-cs.com/2013/04/reflexoes-sobre-os-dois-maiores.html

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