Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

6 de julho de 2014

Os principais manuscritos da Bíblia


Referiremo-nos aos manuscritos como cópias totais ou parciais da Bíblia. Recebem seu nome dependendo do lugar, quem fez a descoberta, ou conhecendo-se os escritores da cópia. O estudo destes manuscritos é importante para conhecermos parte do processo que levou a Bíblia até nossos dias. Vamos dividir nosso estudo entre os manuscritos do Antigo e Novo Testamentos.

Manuscritos do Antigo Testamento

Temos três cópias ou traduções importantes do Antigo Testamento:
  • Septuaginta (LXX) - Septuaginta é o nome de uma suposta versão da Bíblia hebraica para o grego koiné (grego popular), que teria sido traduzida entre o terceiro e o primeiro século a.C. em Alexandria. A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos trabalharam nela e, segundo a lenda, teriam completado a tradução em setenta e dois dias. O caso é que a versão grega é uma realidade inegável e foi bem acolhida pelos judeus alexandrinos, que logo a difundiu pelas nações onde o grego era falado. A Septuaginta foi usada como base para diversas traduções da Bíblia.
    Ela tornou-se o Antigo Testamento da Igreja e foi altamente estimada pelos cristãos primitivos, de modo que muitos escritores declararam-na inspirada. Os cristãos recorriam à ela constantemente em suas controvérsias com os judeus; estes logo reconheceram suas imperfeições e, finalmente, a rejeitaram em favor do texto hebraico ou de traduções mais literais.
  • Vulgata - A Vulgata é uma tradução para o latim da Bíblia, escrita em meados do século IV por Jerônimo, a pedido de Dâmaso (Bispo de Roma). Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes. No século IV, o biblista Jerônimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para o latim. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que traduziu o Antigo Testamento diretamente do hebraico e não da tradução Septuaginta. O nome vem da frase versio vulgata, isto é “versão dos vulgares”, e foi escrito em um latim cotidiano.
  • Texto massorético - Texto Massorético (“MT”) é um texto em hebraico do Tanakh. Inclui a Torá, os Profetas e Escritos. Conhecido como Bíblia Hebraica ou Tanakh, foi utilizado como base em várias traduções protestantes do Antigo Testamento. Em torno do século VI, um grupo de competentes escribas judeus teve por missão reunir os textos considerados inspirados por Deus, utilizados pela comunidade hebraica, em um único escrito. Este grupo recebeu o nome de “Escola de Massorá”. Os “massoretas” escreveram a Bíblia de Massorá, examinando e comparando todos os manuscritos bíblicos conhecidos à época. O resultado deste trabalho ficou conhecido posteriormente como o “Texto Massorético”. O termo “massorá” provém na língua hebraica de mesorah e indica “tradição”. Portanto, massoreta era alguém que tinha por missão a guarda e preservação da tradição.

Os Códices (Códex)

A origem da palavra vem de caules (caudex) = códice (códex).
Na igreja primitiva dos séculos II e III, as Escrituras eram executadas em material barato como o papiro, daí não terem sido tão bem preservados quanto os rolos hebraicos encontrados nos sítios arqueológicos. Ainda eram usados os rolos. A partir do século IV o suporte de papiro foi substituído por cascas de árvores, prensadas e misturadas à goma, técnica desenvolvida pelos ítalos. E ao invés de enroladas as folhas eram sobrepostas umas às outras e costuradas, da mesma forma dos livros atuais. Para proteger a obra, era colocada uma capa de madeira, que depois foi substituída por couro.

Manuscritos do Novo Testamento
  • Códice Alexandrino - Também conhecido como manuscrito ‘A’, pertence à primeira metade do século V. Este códice contém a Septuaginta e grande parte do Novo Testamento. Este é um dos mais completos manuscritos gregos antigos da Bíblia. Este manuscrito recebe o nome de Alexandria, lugar onde se acredita que ele foi originalmente escrito.
  • Códice Vaticano - O Códice Vaticano, também conhecido como Manuscrito ‘B’, pertence ao século IV. Foi considerado por estudiosos como o melhor manuscrito grego do Novo Testamento. É um dos manuscritos mais antigos da Bíblia, sendo inclusive ligeiramente mais antigo que o Códice Sinaítico. Ele é um dos manuscritos unciais, isto é, escritos em letras gregas maiúsculas.
  • Códice Sinaítico - O Códice Sinaiticus, também conhecido como Manuscrito ‘Aleph’ (primeiro algarismo do alfabeto hebraico), é um dos mais importantes manuscritos gregos já descobertos, pois além de ser um dos mais antigos (século IV), e o único códice que contém o Novo Testamento inteiro. Atualmente acha-se no Museu Britânico. Juntamente com o Codice Vaticano, é um dos mais importantes manuscritos gregos para a referência textual da Bíblia, além do texto da Septuaginta.
  • Códice Efraimita - Originou-se em Alexandria, por volta de 354. Foi levado à Itália em 1500. Catarina de Médici, italiana, mãe e esposa de reis franceses o comprou em 1533. Após sua morte foi colocado na Biblioteca nacional de Paris, onde está até hoje. Falta a este códice a maior parte do Antigo Testamento, contendo partes de Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos e dois livros apócrifos – Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. Ao Novo testamento faltam 2 Tessalonicenses, 2 João e parte de outros livros.
  • Códice Beza - Também chamado Códice de Cambridge, foi transcrito em 450 ou 550. É o manuscrito bilíngue mais antigo que se conhece do Novo Testamento, escrito em grego e em latim, na região geral do sul da Gália (França) ou do norte da Itália. Foi descoberto em 1562 por Teodoro Beza, teólogo francês, no Mosteiro de Santo Irineu, em Lion, na França. Em 1581 Beza deu-o à Universidade de Cambridge. Contém os quatro evangelhos, Atos e 3João 11—15, com variações tiradas de outros manuscritos, nele indicadas. Há muitas omissões no texto, tendo permanecido apenas o texto latino de 3 João 11—15.
  • Códice Washington - Data do século IV ou início do V. Charles F. Freer, em 1906, o havia adquirido de um negociante do Cairo, no Egito. Esse manuscrito contém os quatro evangelhos, porções das epístolas de Paulo (exceto Romanos), Hebreus, Deuteronômio, Josué e Salmos. A ordem dos evangelhos é: Mateus, João, Lucas e Marcos. Marcos contém o final mais longo (Mc 16.9-20); entretanto, acrescenta uma inserção após o versículo 14. É um códice volumoso, feito de velino.
Traduções para o português
  • Idade Média - A primeira tradução que se tem notícia é a do rei Dinis de Portugal. É uma tradução dos 20 primeiros capítulos de Gênesis, a partir da Vulgata. Em 1505, a rainha Leonor ordena a tradução de Atos dos Apóstolos e as Epístolas de Tiago, Pedro, João e Judas. O padre Antônio Ribeiro dos Santos é responsável por traduções dos Evangelhos de Mateus e Marcos. Em 1529, é publicada em Lisboa uma tradução dos Salmos feita por Gomez de Santofímia, que teve uma 2ª edição em 1535.
  • João Ferreira de Almeida - A tradução feita por João Ferreira de Almeida é considerada um marco na história da Bíblia em português porque foi a primeira tradução do Novo Testamento a partir das línguas originais. Aos 17, traduziu o Novo Testamento do latim, da versão de Theodore Beza, além de ter se apoiado nas versões italiana, francesa e espanhola. Aos 35 anos, iniciou a tradução a partir de obras escritas no idioma original. A tradução do Novo Testamento ficou pronta em 1676. O texto foi enviado para a Holanda para revisão. O processo de revisão durou 5 anos, sendo publicado em 1681. O próprio Almeida revisou o texto durante dez anos, sendo publicado após a sua morte, em 1693. A tradução completa, após muitas revisões, foi publicada em dois volumes, um 1748.
Traduções do Brasil
  • Traduções parciais – A primeira tradução realizada no Brasil foi feita pelo bispo Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré. Era um Novo Testamento traduzido a partir da Vulgata.  O imperador D. Pedro II era um profundo admirador da cultura judaica. Após aprender o hebraico, que era a sua língua favorita, traduziu partes da Bíblia, como o livro de Neemias, além de partes do Antigo Testamento para o latim.
  • Traduções completas – A Almeida Revista e Corrigida foi a primeira Bíblia a ser impressa no Brasil, em 1948.Está em circulação a revisão de 1995. A Versão Revisada foi publicada em 1967, pela Imprensa Bíblica Brasileira e pela Juerp. Em 1988 é publicada a Bíblia na Linguagem de Hoje, caracterizada por ter uma linguagem popular e tradução flexível. Muitos eruditos veem uma excessiva utilização de linguagem popular, que pode comprometer a fidelidade com o texto original. Devido a esses problemas, essa tradução passou por um grande processo de revisão, que resultou na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, em 2000. Em 2006 é publicada a Bíblia Hebraica. É o primeiro Tanakh completo publicado em português, desde 1553.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário