Por Thomas Magnum
E disse o Homem: Farei Deus a minha imagem, conforme a minha semelhança.
É estranho ler uma frase assim para muitos, é blasfemo, enfatizam
alguns, é herético dizem outros. Talvez até aqueles que não são
religiosos repudiarão essa afirmativa. Alguém em sã consciência não
diria que faria Deus, ou diria? Desde Dave Hume, passando por Nietzsche,
dando uma paradinha em Freud e dando uma olhadinha em Foucault, só para
citarmos os mais recentes, não é difícil observamos tal pensamento, ou
poderíamos voltar um pouco mais e observarmos Atenas nos tempos do
apostolo Paulo, que tinha por volta de trinta mil deuses, seja por isso
que muitos historiadores dizem que existiam mais deuses do que homens em
Atenas.¹
Aqueles
que tiveram sua mente científica e filosófica prostradas a serviço do eu
que se distanciou do tu e que ignorou o Ele, ou do filho que ignorou o
ventre que o gerou, pintaram e esculpiram um deus descartável ou
substituível, ou morto, ou negaram sua existência como fator fundamental
para darem suporte para construção de seus edifícios teóricos e
delírios filosóficos. Como dizia o filósofo John Locke:
"Reconheço
que tenho a noção de um primeiro ser sem começo e penso ser inevitável
para uma criatura racional dotada de ponderação deparar com algo assim".²
Em um
discurso na colina de Marte na Grécia antiga lemos uma das mais belas
peças de oratória já registrada na história, que dizia:
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. Pois nEle vivemos, nos movemos e existimos, como disseram alguns dos poetas de vocês: Também somos descendência dele." Atos 17:24-28
Eis aí
uma declaração sobre o verdadeiro Deus, feita por uma das mentes mais
brilhantes que pisaram nessa terra, Paulo o apóstolo, homem que humilhou
sua sabedoria e inteligência àquele que o criou. Mas, a criatura,
deseja ser maior que o criador, criando seus deuses domésticos como nos
povos antigos. Mas a "criação" de tais divindades nada mais são do que
um bezerro de ouro ou melhor um cavalo de Troia que no fim das contas os
levará a um estado deplorável. "Pois virá o tempo em que não
suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos,
segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles
se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos." 2 Timóteo 4:3-4
Mas, os
deuses multiformes criados por religiosos e filósofos não são produto de
um passado histórico ou acadêmico. Hoje, vemos a proliferação das
heresias em arraiais cristãos, falsos deuses sendo pregados, profanação
do altar. Vejamos o evangelho de muitas igrejas hoje que se assemelham
com a mitologia:
Pluto: deus das riquezas, representava a riqueza em termos gerais.
Ares:
deus da guerra, sanguinário e agressivo, personificava a natureza
brutal da guerra. Embora Ares fosse guerreiro e feroz, não era
invencível, mesmo contra os mortais.
Erínias: Também conhecidas como Fúrias, eram as três divindades que administravam a vingança divina, sendo elas: Tisífona (a vingança contra os assassinos), Megera (o ciúme) e Alecto (a raiva contínua).
Apolo: Na lenda de Homero ele
era considerado, principalmente, como o deus da profecia. Apolo era
músico e encantava os deuses com seu desempenho com a lira.
Seria
estranho isso para nós? Teologia da prosperidade, guerra espiritual
(leia-se dualismo), teologia da vingança, e divinização da música no
culto público? Quantos deuses os homens têm criado a tantos séculos, a
profanação do altar semelhante ao que fez Antíoco Epifanes. A exortação
bíblica é grave:
"Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos. Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor. Embora vocês já tenham conhecimento de tudo isso, quero lembrar-lhes que o Senhor libertou um povo do Egito mas, posteriormente, destruiu os que não creram." Judas 1:3-5
Portanto, creiamos no Deus das Escrituras, no Deus que se revelou, e nos adverte: "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3
Como nos diz a Confissão de Fé de Westminster:
Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.
"Reformai,
portanto, vossa vida e modo de agir, escutando a voz do Senhor, vosso
Deus, a fim de que afaste de vós o mal de que vos ameaça." Jeremias 26:13
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Notas:
1- Novo Testamento: R.N. Champlin
2- Draft A do Ensaio sobre o entendimento humano- John Locke
*** Sobre o autor: Thomas Magnum é formado em teologia e graduando em jornalismo, pesquisador na área de religiosidade brasileira, é casado a oito anos com Kelly Gleyssy e mora em Recife.
Imagem: St Paul Preaching in Athens, 1515. Pintura de Rafael Sanzio, adaptado para o Blog Bereianos.
Divulgação: Bereianos
*** Sobre o autor: Thomas Magnum é formado em teologia e graduando em jornalismo, pesquisador na área de religiosidade brasileira, é casado a oito anos com Kelly Gleyssy e mora em Recife.
Imagem: St Paul Preaching in Athens, 1515. Pintura de Rafael Sanzio, adaptado para o Blog Bereianos.
Divulgação: Bereianos
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