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Notas: [1] Cf.: LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento: Primeira Carta de João – São Paulo. Cultura Cristã, 2004. P. 21 [2] EDWARDS Jonathan. A verdadeira obra do Espirito: sinais de autenticidade. 2º ed. rev. – São Paulo. Vida Nova, 2012. P. 46 [3] Ibid., p. 49
*** Fonte: Bereianos
O que é
ser espiritual? Ser espiritual é ir à igreja varias vezes? Ser
espiritual é determinar pelo tempo que eu oro? Ser espiritual é ser
moldado pelas experiências que tive ou o cargo que eu possuo na igreja?
Cristo
já havia predito que falsos cristos e falsos profetas agiriam, agiriam
de tal forma que se possível enganaria até os eleitos, pois viriam
vestidos de peles de ovelhas (Mateus 7.15; 24.24). Desde o derramamento
do Espírito Santo em Atos 2, Deus agiu extraordinariamente na vida da
igreja. No entanto, havia falsificações que se disseminavam. Os
apóstolos combateram e alertaram a igreja dessas heresias e falsos
mestres (Atos 8.9; 13.6-8; 16.16; 20.29,30; 2 Timóteo 3.5; 4.3; 2 Pedro
2.1-3).
Diante
disso, como podemos saber quem provém de Deus ou não? Quem é o
verdadeiro mestre? Quem é o espiritual? Quais são algumas das
características deste verdadeiro? João, em sua carta, aponta três
características dos verdadeiros crentes e por consequência dos
verdadeiros mestres. Um dos textos que João enfatiza é quarto capitulo
de sua primeira carta. Nestes textos vemos as três características para
identificarmos o verdadeiro crente e o verdadeiro mestre.
João, em sua introdução ao “teste”, mostra que devemos provar se os espíritos provêm de Deus “porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”
e, a partir dos versos 2-6 mostra 3 características de uma pessoa que
possui o Espírito de Deus. Então abordarei somente o que João nos
mostra.
A primeira característica é: Apreço por Cristo (vs 2-3)
“Nisto
conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que
Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do
anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está
no mundo.” (1 João 4.2-3)
Umas das
heresias que a igreja do primeiro século enfrentou, e ainda enfrenta,
era contra a natureza humana e divina de Cristo. Nos três primeiros
séculos da Era Cristã o gnosticismo influenciava (e muito) as religiões
monoteístas. Era uma doutrina com implicações filosóficas, que para
resumir numa visão bíblico-teológica, o espírito seria santo e a matéria
pecado (espírito = bom, matéria = mal). Então, crer que o Filho de Deus
veio em carne, para um gnóstico, seria impossível. Pois como alguém
santo pode ser encarcerado em uma matéria má? Para o gnosticismo falar
que Cristo era o Verbo (logos) encarnado seria uma mentira. Mas isso não
passa, apenas, de uma má interpretação e uma ação demoníaca. Primeiro: a
Bíblia é clara em mostrar que Deus criou Adão sem pecado contendo um
espírito e um corpo (Gn 1.27; 2.7). Segundo: a Escritura não escondeu a
natureza humana de Cristo. Os Evangelistas, Mateus e Lucas, falaram do
Seu nascimento (Mateus 1.18ss; Lucas 2), a bíblia fala de sua encarnação
(João 1.1-14), que Jesus teve fome (Mateus 1.18), que chorou (João
11.35) e que foi ferido e tais feridas foram mostradas aos seus
discípulos (João 20.25,27). Estas são provas de que Cristo, o Filho de
Deus, foi homem como nós, mas sem pecado. Como o próprio João pergunta: “Quem
é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o
anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o
Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também
o Pai.” (1
João 2.22-23). Isso não só implica teologicamente. A vida cristã também
pode mostrar se confessamos ou não a Cristo. Como diz Jonathan
Edwards: “a
palavra confessar, como normalmente usada no Novo Testamento, significa
mais do que admitir, implica estabelecer e confirmar algo pelo
testemunho, proclamando-o com manifestações de estima e zelo.” Ou
seja, confessar que Cristo veio em carne é louvar Seu nome entre os
gentios e cantar Seu nome entre as nações (cf. Rm 15.9). É confessa-lo
diante dos homens (Mt 10.32). É confessar que Jesus Cristo é o Senhor,
para a glória de Deus Pai (Fp 2.11). No entanto, a Escritura compara o
confessar com obras: “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tito 1.16).
A segunda característica é: Apreço em combater o pecado (vs 4-5)
“Filhinhos,
sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós
do que o que está no mundo. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o
mundo os ouve.” (1 João 4.4-5)
O
apóstolo João aqui estabelece a antítese entre o Espirito verdadeiro e o
falso. João conforta o coração dos leitores de sua carta mostrando que
eles eram filhos de Deus e o que habitava neles era maior do que o que
habitava no mundo.
Enquanto
o crente possui o Espirito de Deus, o mundo possui o espirito do
anticristo. Como foi mostrado acima, quem é de Deus confessa que Jesus
veio em carne ou como diz Paulo que ninguém pode falar que “Jesus é o Senhor!”
a não ser pelo Espírito Santo (cf. 1Co 12.3). Ao contrário do mundo, o
Espírito de Deus em seu povo age, conforme o escrito paulino, em: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl
5.22,3; cf. Ef 4.25-32). O espírito deste mundo além de negar a Cristo,
age impiamente. Todo e qualquer que age, permanentemente, contrário à
vontade de Deus este é o espírito de anticristo, todavia o Espírito de
Deus age em nós para nos fazermos santos a cada dia dedicando-se a Deus,
como diz Jonathan Edwards: “se diminui o apego dos homens aos
prazeres, benefícios e honras do mundo; se arranca de seus corações a
procura ambiciosa dessas coisas; se os envolve em uma profunda
solicitude pela condição futura e pela fidelidade eterna revelada no
evangelho, levando-os a uma busca zelosa do reino de Deus e sua justiça;
se os convence a respeito da terrível natureza do pecado, da culpa que
ele provoca e da desgraça a que expõe as pessoas – esse só pode ser o
Espirito de Deus.”
Por isso, aquele que tem o Espírito de Deus ele também tem: Apreço pela verdade (vs 6) - A terceira característica.
“Nós
somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de
Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o
espírito do erro.” (1 João 4.6)
Este versículo é semelhante às palavras de Jesus o qual o próprio João relatou em seu evangelho: “Quem é de Deus ouves as palavras de Deus”
(João 8.47). Então, podemos entender o que João quis dizer em sua
epístola. De que aqueles que não são de Deus, além de ter o espirito de
anticristo, eles eram iguais aos fariseus, pois tinha o mesmo pai, o
Diabo (João 8.44). Mas suas ovelhas ouvem Sua voz e elas O seguem (cf.
João 10.27).
Aquele
que tem o Espírito de Deus este conhece a Deus. Esse “conhece”, o qual
João diz, gramaticalmente, indica uma pessoas em ação para adquirir
conhecimento de Deus. Ou seja, aquele é de Deus estima em adquirir e
prosseguir conhecendo o Deus que o chamou das trevas para a Sua
maravilhosa luz. Não há possibilidade de alguém querer conhecer a Deus,
verdadeiramente e em santidade, sem ser escolhido por Deus, pois João
diz que “aquele que é de Deus” e não “quem adquire conhecimento este se torna filho de Deus”.
Eu fico
em dúvida quando vejo as megas igrejas lotadas, mas que são vazias do
conhecimento Divino. Não há lógica em crer que em um lugar, que se diz
que o Espírito Santo está agindo “maravilhosamente” não aja
“maravilhosamente” na vida das pessoas em santificação e dedicação na
Palavra de Deus. Creio não ser o mesmo Espírito, pois a promessa de
Cristo foi que quando Ele viesse guiaria o seu povo em toda verdade (cf.
João 16.13) e como saber se há verdade se não leem as Escrituras? Como
provar os espíritos se não leem as Escrituras? Como saber se tal
profecia veio de Deus se não leem as Escrituras?
Igrejas
sem doutrina ortodoxa, igrejas sem ensino da Palavra de Deus, igrejas
que têm pastores que não são obreiros aprovados são um prato cheio para
que Satanás aja sorrateiramente, para que, de uma vez por todas, afunde
esta igreja em erros.
Conclusão
Devemos
analisar, primeiramente, nossas vidas e ver se nos encaixamos nos
requisitos que o texto nos mostra, para que, depois, possamos analisar
outro. Pois do que adiantaria acusar o falso profeta se nossa vida é
igual?
Pois, podemos nos enganar a nós mesmos com uma falsa cristandade e, assim, julgarmos precipitadamente a outro.
E tal
prova só pode ser analisada à luz das Escrituras. São as Escrituras que
devem moldar nossas vidas e a vida espiritual da Igreja.
Amém!
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Notas: [1] Cf.: LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento: Primeira Carta de João – São Paulo. Cultura Cristã, 2004. P. 21 [2] EDWARDS Jonathan. A verdadeira obra do Espirito: sinais de autenticidade. 2º ed. rev. – São Paulo. Vida Nova, 2012. P. 46 [3] Ibid., p. 49
*** Fonte: Bereianos
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