("Deixai vir a mim os pequeninos")
“E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. (Mateus 18:3)
Jesus e as crianças
(clique nos textos bíblicos para lê-los )
Nas Sagradas Escrituras encontramos vários conselhos sobre como criar as crianças, por exemplo: Provérbios 20:11; 22:6; 22:15; 23:13; 29:15.
Mas, é no Evangelho de Jesus Cristo, de uma forma toda especial é que
temos um dos maiores ensinamentos sobre o Reino dos Céus, tendo como
exemplo a “criança”. Para entendermos melhor os ensinamentos de Jesus
Cristo é preciso, primeiro, compreender o significado de ser, ou, o que é
uma criança.
Uma criança é um
ser humano no início de seu desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas
do nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o décimo
oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito meses até doze anos de
idade. A infância é o período que vai desde o nascimento até
aproximadamente o décimo segundo ano de vida de uma pessoa.
É um período de
grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da
altura e do peso da criança - especialmente nos primeiros três anos de
vida e durante a puberdade. Mas, mais do que isto, é um período onde o
ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças
no comportamento da pessoa e na aquisição das bases de sua
personalidade.
Temos no Evangelho duas passagens específicas onde o próprio Senhor Jesus utiliza do exemplo de “ser criança” para ensinar algumas verdades do Reindo de Deus.
O primeiro incidente que gerou um profundo ensinamento está no Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18:1-6, com suas porções correspondentes em Marcos 9:32-37 e Lucas 9:46-48, vejamos então Mateus 18:1-6:
“Naquela
hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é,
porventura, o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando uma criança,
colocou-a no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos
converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis
no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança,
esse é o maior no reino dos céus. E quem receber uma criança, tal como
esta, em meu nome, a mim me recebe. Qualquer, porém, que fizer tropeçar a
um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe
pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na
profundeza do mar.” (Mateus 18:1-6)
O que deu início ao ensinamento de Jesus? Foi justamente uma disputa, um desejo por posições privilegiadas, que é tão comum hoje, não só no mundo secular, mas dentro da própria Igreja. Os discípulos, ainda em processo de “discipulado”, não haviam compreendido a dimensão do Reino de Deus, tinham a visão de um “Reino” nos moldes que viam, ou seja, com pessoas em cargos ou posições que, quanto mais próxima do governante, mais exaltada à posição daquela pessoa, consequentemente, mais respeitada.
Jesus então coloca uma criança no meio deles (v. 2), e usando-a como um modelo, um exemplo, afirma como se dá o processo para “entrarmos no Reino dos Céus”. Jesus utiliza dois verbos no versículo 3:
1) “Converterdes” – segundo o léxico de Strong, “strefw” (strepho), que significa “mudar a conduta de” ou “mudar a mente de alguém”;
Ou seja, os
discípulos ainda não tinham completado o processo de “conversão”, eles
ainda teriam que “mudar de conduta e a mente” para poderem entrar no
Reino dos Céus. Neste sentido podemos aplicar também a idéia que Paulo
tem ao dizer em Romanos 12:2 que devemos nos transformar “pela renovação da vossa mente”.
2) “Tornardes” – segundo o léxico de Strong, “ginomai” (ginomai) que significa “vir a existência, começar a ser, receber a vida”; “tornar-se”, “ser feito”;
Jesus afirma aqui
que para sermos cidadãos do “Reino dos céus” é preciso que os decididos
a isso passem a ser como uma criança, que recebam o ensinamento como
uma criança recém chegada a uma escola ou recém nascida para uma nova
vida. É nesse mesmo sentido que Jesus afirma que devemos “nascer de
novo” (João 3:3, 7) ou quando Paulo diz que “..., assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Coríntios 5:17).
Quando nos
convertemos levamos conosco uma bagagem de conhecimentos, sentimentos e
práticas adquiridas ao longo da vida sejam no seio familiar ou no
dia-a-dia. Adquirimos impressões, concepções, traumas, no meio
familiar/social e até mesmo em alguma “religião” que tenhamos professado
com sinceridade antes de conhecermos a Cristo.
Temos o hábito de levarmos tais “conhecimentos” para nossa “nova vida”
e, é justamente aí que erramos e não usufruímos com totalidade a
Plenitude do Reino, passando a viver uma vida mesquinha, aquém da vida
abundante prometida por Jesus Cristo em João 10:10.
Foi justamente essa mentalidade carregada dos discípulos que Jesus contrapôs ao apresentar uma “criança” como exemplo de como devemos entrar no reino, por isso o uso dos verbos “converter” e “tornar” como retrocitado.
Talvez nossa compreensão fique mais clara ao seguirmos na leitura de nosso texto base, quando Jesus declara no versículo 4: “Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, ...”. Esse é nosso terceiro verbo: “humilhar”,
que no léxico de Strong, é traduzido do verbo grego “tapeinow”
(tapeinoo), que, dentre outras coisas, significa: tornar baixo,
rebaixar; rebaixar a condição humilde, reduzir a circunstâncias mais
pobres; ser categorizado abaixo de outros que são honrados ou
recompensados; comportar-se de um modo modesto; destituído de toda
arrogância.
O quê isto nos
faz lembrar? De como é uma criança, no sentido apresentado no início
deste argumento. Uma criança é humilde não somente pelo fato de ser
ingênua, sem preconceitos ou maldade. Preste atenção numa criança e veja
como ela vive. Ela não tem seu próprio sustento, depende de outra
pessoa para prover para ela o necessário como alimento, roupas,
proteção, abrigo. Ela é totalmente dependente de alguém materialmente.
Além da
dependência material a criança também é dependente física, psicológica e
emocionalmente precisando ser ensinada em todos os sentidos, não
sabendo ainda falar, se expressar, questionar, diferenciar, ou seja,
tanto os sentidos psicomotores quanto sua personalidade, que é o
conjunto de características psicológicas, de certa forma estáveis, que
determinam a maneira como o indivíduo interage com o seu ambiente
formado pelos atributos físicos, mentais e morais do indivíduo,
compreendendo as características hereditárias e as adquiridas durante a
vida como: hábitos, interesses, inclinações, complexos, sentimentos e
aspirações.
A
formação da personalidade tem início a partir do nascimento. Assim, os
primeiros anos de vida de uma pessoa são decisivos para a gênese de sua
futura personalidade. Neste período são delineadas as principais
características psíquicas, a partir da relação da criança com os pais,
pessoas próximas, objetos e meio ambiente. Por isso, estas relações
devem suprir todas as necessidades físicas e psicológicas da criança. A
não satisfação das mesmas pode causar sérios prejuízos à formação da
personalidade. Por isso, a criança precisa saber que é amada, precisa
ser corrigida, precisa de alguém a conduza mostrando o certo e o errado,
ela é totalmente dependente de foram emocional e sentimental de alguém
para lhe apontar o “caminho”.
Isso nos faz lembrar os ensinamentos de Jesus sobre o Reino dos Céus constantes em Mateus capítulos 5; 6 e 7
(você quer viver a plenitude do Reino medite profundamente nesses
capítulos e seus correspondentes dos demais evangelistas). Em especial
quando Jesus afirma: “Porque os gentios é que procuram todas estas
coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;
buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:32, 33).
Valho-me também da afirmação de Pedro: “Humilhai-vos,
portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno,
vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem
cuidado de vós.” (1 Pedro 5:6, 7).
Assim, quando
Jesus afirma que para entrarmos no Reino dos Céus, primeiro temos que
nos “Converter”, “mudar a conduta e a mente” e nos “Tornar”, “começar a
ser” uma nova criatura, “humilde”, comportando-se de um modo modesto;
destituído de toda arrogância, totalmente dependente do Nosso Pai.
Ser como criança é
esquecermos tudo que aprendemos através dos conhecimentos adquiridos ao
longo de nossa vida sem Jesus e seu Evangelho, estes conhecimentos
vindos do seio familiar, contextos sociais, instituições de ensino
secular, etc, até mesmo de alguma “religião” seguida fervorosamente (não
se engane no meio cristão há muitas pessoas sinceras seguindo apenas
preceitos religiosos), devemos, como disse, esquecer tudo, e ser uma
“nova criatura”, uma criança, uma pessoa “nascida de novo” para aprender
de novo.
Vou repetir, se
você ainda não fez, então faça agora: esqueça seus conceitos
filosóficos, religiosos, familiares, seu conhecimento catedrático ou
secular, “nasça de novo” e seja uma criança no Reino dos Céus,
aprendendo tudo de novo, dependendo exclusivamente do Pai.
O segundo incidente que gerou um profundo ensinamento está no Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10:13-16, com suas porções correspondentes em Mateus 19:13-15 e Lucas 18:15-17, vejamos então Marcos 10:13-16:
“Então,
lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos
os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes:
Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o
reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus
como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos
braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava”.
Neste episódio
temos a ação dos “guardiões da graça”. Quem são estes? São aquelas
pessoas que pensam que Jesus é só delas, ou seja, ninguém mais pode
usufruir da presença de Jesus. O que me espanta é que, muitas vezes,
tais “guardiões” são aqueles que justamente deveriam levar as outras
pessoas a se aproximarem de Jesus.
Veja o cenário,
Jesus ensinando algumas e pessoas e, em especial, seus discípulos sobre
um assunto muito sério (acerca do divórcio e do adultério), quando
algumas pessoas trazem crianças para serem tocadas, abençoadas, por
Jesus e, imediatamente, os “guardiões da graça” entram em ação,
repreendendo as pessoas que traziam as crianças.
Qual foi a reação
de Jesus? Segundo o léxico de Strong, Jesus chateou-se, desaprovou,
desagradou-se com tal atitude de seus discípulos. Sim, em todo Novo
Testamento somente aqui que “aganaktew” (aganakteo) foi traduzido a respeito de Jesus como “indignou-se” significando “ira”
com a ação de seus discípulos. E novamente Jesus faz duas afirmativas
sobre as crianças, usando-as como um exemplo ou modelo de como realmente
devemos ser no Reino dos Céus.
Primeiro Jesus afirma no versículo 14: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus”. Que reino é este? Segundo o léxico de “Strong”, “Basiléia” (Basiléia) que foi traduzido como “Reino”
é o poder real, realeza, domínio, governo. Mas, não devemos confundir
com um reino que existe na atualidade, como os discípulos fizeram no
texto estudado acima.
“Basileia”, traduzido por “Reino”,
faz referência ao direito ou autoridade para governar sobre um reino
como o poder real de Jesus como o Messias Triunfante e o poder real e da
dignidade conferida aos cristãos no reino do Messias. Tal termo é usado
no Novo Testamento para referir-se ao “Reinado do Messias”, seja no por
vir ou agora na vida do verdadeiro cristão.
Logo em seguida, Jesus afirma, no versículo 15 “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele”. O termo que foi traduzido do grego como “receber”, segundo o léxico de “Strong” é “decomai”
(dechomai), que quer dizer: levar consigo; pegar, receber; de coisas
oferecidas pelo falar, ensinar, instruir; receber favoravelmente, dar
ouvidos a, abraçar, tornar próprio de alguém, aprovar, não rejeitar;
aprender. Isso me faz lembrar algumas afirmativas da Sagrada Escritura:
“O
meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque
tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para
que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do
teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Pois misericórdia
quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que
holocaustos.” (Oséias 4:6; 6:6)
“Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.” (Mateus 22:29)
Com isso,
deduzimos que Jesus, usando novamente uma criança como modelo, declara
que se quisermos o “Reinado” e o “Reino” de Jesus em nossas vidas, em
nossa família, em nossa Igreja, etc, precisamos “receber”, dar ouvidos
aos seus ensinamentos, abraçar os seus preceitos, não rejeitar tal
conhecimento e aprender como uma criança que ainda não sabe nada, não
aprendeu ou está no processo de aprendizagem, de “discipulado”.
O que Jesus queria dizer é que não é preciso que uma criança se torne adulta para participar do “Reino”, pelo contrário, é o adulto que deve converter-se e tornar-se como uma criança, uma “nova criatura”, uma pessoa “nascida de novo”,
para “entrar no reino”. Devemos buscar, aprender e viver as verdades do
Reino ensinadas por Jesus, é o novo começo pela regeneração.
Veja que Jesus
não utiliza o exemplo da criança para salientar a inocência ou humildade
dela, mas sim sua receptividade, dependência e confiança para que nós,
adultos, possamos “entrar no Reino”, é como se Jesus afirmasse: “- Veja, as crianças nada têm para trazer ou entregar, estão fazias em si mesmas, por isso elas precisam receber tudo”.
O
Reino de Deus, ou dos Céus, pertencem às pessoas não por mérito, mas
porque Deus deseja dá-lo àqueles que se submete, se humilha diante Dele,
que se reconhece sem insignificância e sem importância, mas totalmente
dependente Dele. Como o próprio Jesus afirma em Lucas 12:32 – “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”. Para maior entendimento deste trecho leia Lucas 12:22-37.
O papel dos pais
“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4)
Os pais de uma
criança possuem um papel fundamental no desenvolvimento psicológico da
criança, além de serem os responsáveis pela sustentação dela. Uma das
principais preocupações dos pais é ajudar a criança em desenvolvimento a
crescer normalmente.
Os pais são
especialmente responsáveis em cuidar da criança e de suas necessidades
físico-psicológicas, do uso de recompensas e punições, e como modelos de
comportamento. Em muitos casos onde há omissão dos pais em termos de
afeto e relacionamento as crianças podem desenvolver sérios problemas
emocionais (veja Hebreus 12:7-13).
Estes conselhos
servem tanto para os pais biológicos quanto aos pais “espirituais” que
estão no exercício do discipulado de um novo convertido.
Finalizando,
gostaria de deixar as palavras do próprio Jesus sobre a necessidade de
ensinarmos e sermos exemplos para as crianças, Ele afirma em Mateus
18:6, 7:
“Qualquer,
porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim,
melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de
moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos
escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem
pelo qual vem o escândalo!”
Pequeninos neste
texto se referem exatamente a criança usada por Jesus como exemplo, mas,
metaforicamente, indicam todos os novos convertidos, os recém nascidos
no Reino dos Céus.
Oremos
“Pai, nos
ensina a sermos como uma criança perante Ti. Que possamos aprender tudo
de Ti, a depender e confiar somente em Ti, para que possamos receber e
vivenciar o Teu Reino em nós. E, quando formos rebeldes e levados,
tentarmos ser independentes de Ti, não querendo Ti ouvir e obedecer, nos
corrija Pai, não queremos ser tratados como filhos bastardos, mas como
filhos amados por Ti, em o Nome de Jesus, Amém!”
***
LETRA DA MÚSICA:
Abraça-me
(David Quinlan)
Quero ser como criança
Te amar pelo que és
Voltar à inocência
E acreditar em Ti
Quero ser como criança
Te amar pelo que és
Voltar à inocência
E acreditar em Ti
Mas às vezes sou levado
Me dá vontade de crescer
Torno-me independente
E deixo de simplesmente crer
Me dá vontade de crescer
Torno-me independente
E deixo de simplesmente crer
Não
posso viver, longe do teu amor, Senhor
Não posso viver, longe do teu afago, Senhor
Não posso viver, longe do teu abraço, Senhor
Não posso viver, longe do teu afago, Senhor
Não posso viver, longe do teu abraço, Senhor
Abraça-me,
abraça-me, abraça-me
Com Teus braços de amor.
Com Teus braços de amor.
(por Anderson Fazzion)
http://redebeteldeeducacaocrista.blogspot.com.br/2012/06/devemos-ser-como-crianca-para-receber-o.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário