Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

20 de maio de 2012

Parábola da Panela Fervente


(Ezequiel 24:1-4)

Na última profecia dessa seção de seu livro, Ezequiel relaciona a mis­são que recebeu das mãos de Deus aos acontecimentos de sua época. No dia exato em que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém, o fato foi revelado a Ezequiel na Caldéia, o qual também recebeu ordens de tor­nar manifesto, por meio da Parábo­la da panela fervente, ser chegada a hora da condenação de Israel. Temos aqui uma parábola específica; não uma ação parabólica, mas apenas uma parábola proferida ao povo em linguagem que denotava ação.

Jerusalém já fora apresentada como uma panela (Ez 11:3), num provérbio acerca da autoconfiança do povo, que seguia o próprio espírito e não o de Deus: “esta cidade é a pa­nela, e nós a carne”. A linguagem jactanciosa de Israel estava a ponto de se concretizar na história e na experiência, mas com um sentido diferente do pretendido pelo povo. Por ser bem fortificada, a cidade foi comparada a uma panela de ferro, e os habitantes sentiam-se seguros dos ataques externos, assim como a car­ne dentro da panela está defendida contra a ação do fogo. Infelizmente, no entanto, o povo não acreditaria em quanto haveriam de ser fervidos! Ezequiel está dizendo em sua pará­bola, para todos os efeitos, “o teu provérbio se mostrará terrivelmen­te verdadeiro, mas não no sentido que pretendes. Assim, longe de be­neficiar-se com uma defesa contra o fogo tão potente quanto à da panela de ferro, a cidade será como uma pa­nela sobre o fogo, e o povo como mui­tos pedaços de carne submetidos ao calor intenso” (Jr 50:13).

Então o profeta aplica a Parábola da panela fervente com toda a fran­queza, declarando que Jerusalém era de fato uma panela. Ele recorre à fi­gura da segurança utilizada pelo pró­prio povo e a emprega contra ele, usando-a “orno símbolo de juízo, não de segurança. Há precisão de lingua­gem na referência à destruição da ci­dade e de seus moradores.

… todos os bons pedaços [...] os­sos escolhidos… Aqui o profeta se refere aos mais distintos do povo. Não eram ossos comuns, mas “esco­lhidos”, dentro da panela com a car­ne presa a eles.

… debaixo da panela [...] os seus ossos… São ossos sem carne, usados como combustível. São os mais po­bres, que sofrem primeiro e deixam de sofrer antes dos ricos, que supor­tavam o que corresponderia ao fogo baixo no processo de fervura.

… faze-a ferver bem [...] ossos [...] ferrugem… A palavra traduzida aqui por ferrugem ocorre quatro vezes no capítulo, e em mais nenhum outro lugar. Talvez queira mostrar que Jerusalém era como uma panela cor­roída e digna de destruição. Então essa ferrugem prejudicial simboliza a impregnante perversidade do povo. Não eram apenas os pobres da cida­de, pois tanto ricos quanto pobres haviam chafurdado na imundície do pecado.

Tira dela a carne pedaço a peda­ço… Tanto o refugo quanto o seleto estavam condenados à destruição; o conteúdo da panela, a carne, seria retirado no processo de condenação. A cidade e o povo não seriam des­truídos simultaneamente, mas numa seqüência de ataques. Todas as classes participariam da mesma sina, mas “pedaço a pedaço”. Sofre­riam os ardentes horrores do cerco, mas experimentariam algo muito pior quando fossem arrancados da cidade por seus conquistadores.

… não caia sorte sobre ela… para determinar quem será salvo da con­denação; todos foram igualmente punidos, independentemente da classe, idade ou sexo.

… sangue [...] sobre uma penha… O povo haveria de ser desmascara­do, e a condenação seria patente a todos. “Sangue é a consumação de todos os pecados e pressupõe todas as outras formas de culpa. Deus pro­positadamente deixou o povo derra­mar, para vergonha deles, o sangue sobre a penha descalvada, a fim de que esta clame mais enfática e aber­tamente ao alto por vingança, e para que a relação entre a culpa e o juízo se torne mais palpável. O sangue de Abel”, continua Jamieson, “embora já recebido pela terra, ‘clama a mim [Deus]‘ (Gn 4:10,11) — quanto mais o sangue vergonhosamente exposto sobre a penha descalvada.”

… pus o seu sangue… Israel rece­beria na mesma moeda. Derraman­do sangue em abundância, teria o próprio sangue em fartura derrama­do (Mt 7:2).

Amontoa a lenha, acende o fogo… Ilustra os materiais hostis usados na destruição da cidade.

… engrossa o caldo… Que toque irônico! Os sitiadores haveriam de deleitar-se no sofrimento de suas ví­timas, como se sentassem para uma saborosa refeição.

… brilhe o seu cobre… Não era suficiente o conteúdo da panela ser destruído; a própria panela, infectada pela ferrugem, deveria ser destruída. Seus focos de ferrugem não cederam à purificação (Ez 24:12,13). A própria casa infectada com lepra deveria ser consumida (Lv 14:34,35).

… cansou-me com suas mentiras… A despeito dos esforços de Deus por purificar seu povo, a sua oferta de misericórdia não foi aceita. Assim, teve de permitir que lhes sobreviessem os juízos pela iniqüidade delibe­rada. Por meio dos profetas e da lei, com suas promessas, privilégios e ameaças, Deus procurara atar o povo a si, mas todas as intervenções mise­ricordiosas de nada aproveitaram. As­sim, foram abandonados à sua sorte, e sofreriam as últimas conseqüênci­as. Paciente e longânimo, Deus ago­ra vem condenar e não pode recuar, poupar nem arrepender-se (24:14).

Herbert Lockyer

Nenhum comentário:

Postar um comentário